terça-feira, 16 de março de 2010
O Filho Pródigo
Há um texto nas Escrituras conhecido por todos, principalmente por aqueles que um dia deixaram o conforto da Casa do Pai. Trata-se de uma parábola, uma ilustração dita pelo Senhor: O Filho Pródigo.
Nesta parábola, Jesus nos fala de um pai e seus dois filhos. Um destes filhos, o mais jovem, chegou ao pai e lhe disse: “pai dá-me a parte que me cabe na herança”, mostrando claramente que queria sua “independência”. O Pai deu-lhe então o que aquele jovem lhe pediu. Depois de alguns dias, aquele jovem partiu para uma terra distante, ele queria sua total independência, não queria que família alguma o proibisse de viver sua vida, afinal, ele já era crescido, já era um homem. E lá se foi ele viver sua vida independente.
Quanto engano o dele!
Ali naquela terra longe de seu Pai, longe de sua família, vivendo uma vida de total devassidão, desperdiçou toda a sua herança. Já não tinha mais amigos, aqueles que com ele estavam quando ainda tinha sua herança o abandonaram, afinal, ele já não tinha com o quê sustentar seus vícios, suas festas, seus divertimentos. E agora? Pensou ele, o que fazer? Sem dinheiro, sem amigos, sem herança. Naquele país em que se encontrava, a fome sobreveio, e ele procurou então um emprego, a fim de alimentar-se. O emprego: guardar porcos!
“15 Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos.” (Lc 15.15)
Sim, porcos! Imagine a reação dos ouvintes de Jesus, pois seus ouvintes eram judeus, e para um judeu, segundo seus costumes era totalmente proibido comer carne de porco, eles não podiam sequer tocá-los, imagine um judeu ter de criar porcos. (Lv 11.7; Dt 14.8) Isto era absurdo!Impensável a um judeu. Os ouvintes de Jesus, em sua maioria judia, devem ter ficado alarmados com tais palavras. Como pode um judeu ter de guardar porcos para sobreviver? Provavelmente isto lhes veio à mente.
Prosseguindo, Jesus diz, que em dado momento, aquele jovem caindo em si, começa a lembrar-se de seu velho pai, de sua casa, de sua família. Ele lembra, por exemplo, dos trabalhadores de seu pai, que recebiam um bom salário e tinham comida de sobra. Então ele se põe a pensar:
“Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.” (Lc 15.17-19)
Aquele jovem queria apenas ser um dos tantos trabalhadores de seu pai. Ele não queria voltar como um filho, mas queria ser um simples trabalhador. Somente isto, e já lhe era o suficiente. Nada mais. Então ensaiou o seu discurso:
“Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai pequei contra o céu e diante de ti; 19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.” (Lc 15.18,19)
Porém, Jesus continua com seu relato e diz:
“E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.” (Lc 15.20)
Isto é algo surpreendente! O filho desejou ser um simples servo, um trabalhador. Ele não queria ser um filho, voltar a sua condição de herdeiro de seu pai. Não! Ele não queria. Mas o Pai jamais havia esquecido seu filho, e provavelmente assim como Jó (Jó 1.4,5), ele clamava dia e noite pelo seu querido filho. Deve ter ficado muitas noites sem dormir, pensando no seu querido filho: como será que ele está? Como tem passado? Pensamentos assim são comuns aos pais.Todo pai deseja o bem a seus filhos, e quando são muito jovens, deseja tê-los sob sua proteção. Mas ele não perdeu a esperança de encontrar outra vez seu filho. E agora, chegou o grande dia. Seu filho retornara marcado pela dor, pelas agruras da vida longe do Pai, de sua família.
Mas qual não foi a reação do filho quando o Pai ao invés de lhe dar um emprego,ou até não lhe dar nada, afinal ele já havia dado a herança que o jovem pedira, deu-lhe novamente o direito de ser filho, de ser herdeiro. Isto mesmo! É algo surpreendente! O filho, porém preparou seu discurso, suas desculpas:
“E o filho lhe disse: Pai pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. (...)” (Lc 15.21)
O pai sequer o deixou terminar seu discurso, e imediatamente o recebeu como filho. O pai não lembrou ao filho do que havia feito, de como o abandonara, tampouco lembrou-lhe de que ele já havia recebido sua parte na herança. Não! O Pai lhe deu uma nova chance, a chance de ser filho, e conseqüentemente com esta condição restaurada, também lhe deu a oportunidade de possuir uma herança. Que tremendo!
O Pai o amou, não como um filho rebelde, mas o amou,como um pai ama seu filho. Ele o amou incondicionalmente. Seu filho retornara, e isto, era motivo para alegrar-se, para festejar.
“O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se. “(Lc 15.21-24)
O novilho cevado era guardado para uma grande festa, uma celebração. E este dia chegou. Finalmente chegou.Que alegria estava sentido aquele pai, por ter recuperado seu filho querido.
Como compreender este amor?
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