à Origem
Advento vem de “adventus”, isto é, chegada, vinda. Em princípio, era uma festa para celebrar a vinda do imperador ou de uma grande personagem. A Igreja adotou esse nome e o aplicou á vinda de Cristo.
Mas o advento se relaciona também com outra festa pagã: a do solstício de inverno, que então se encerrava no dia 25 de dezembro e que supunha o começo da vitória do sol sobre a noite. Essa festa tinha de ser “cristianizada” para que os batizados abandonassem suas velhas orgias pagãs de idolatria ao deus Sol e centrassem seu regozijo e sua festa em Cristo, o novo sol e novo dia sem ocaso. Isso acontecia no século IV.
à Difusão
Por volta da mesma época, celebrou-se o Concílio de Éfeso (325), que proclamou a divindade de Cristo (“Deus e homem verdadeiro”). A festa do advento, que celebrava esse mesmo mistério de Cristo, o Deus feito homem, era um meio extraordinário para apregoar á cristandade o dogma proclamado. Desse modo, a urgência no sentido de superar o paganismo da Festa do sol e a proclamação histórica do dogma da divindade de Jesus Cristo se uniram e aceleraram a propagação do advento cristão.
De qualquer forma, é claro que aquele primitivo advento não era um “tempo de preparação”, mas a própria celebração da vinda de Cristo. Advento e Natal formavam um “todo unido”.
à O Advento como tempo de preparação
No século IV, a Igreja gaulesa e a espanhola – Concílio de Saragoça (380) – empreenderam a organização do advento como tempo de preparação para o Natal. Em contrapartida, a Igreja Romana só começou a esboçar esse empreendimento no século VI; ao longo do século VII, o advento é organizado em quatro semanas, devendo-se esperar até os séculos VIII-IX para encontrar as missas de advento e a inclusão deste como tempo inicial do calendário litúrgico.
à
A dupla esperaUma dimensão fundamental se introduz no advento – preparação quase desde as suas origens: a da espera. Numa dupla vertente: natalícia e escatológica, isto é: espera do Cristo que vem e nasce em Belém, e espera do Cristo que virá no final dos tempos.
O advento cristão transforma-se assim na espera de alguém, Jesus cristo, que, com sua vinda, reconforta nossa esperança e a mantém viva e expectante até sua volta definitiva. É a tensão cristã do “já sim, mas ainda não”.
à Dupla atitudeEssa dupla espera suscita duas atitudes no fiel: o regozijo e a ascese. A espera do nascimento enfatiza o regozijo, embora um tanto contido pela necessidade de prepara-nos purificando-nos – ascese. A espera da vinda final como juiz e Senhor acentua a vigilância exigente – ascese –, ainda que suscite o regozijo do encontro definitivo com cristo naquele que suspira: “Vem, Senhor Jesus!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário