terça-feira, 20 de abril de 2010

IV Domingo da Páscoa - Domingo do Bom Pastor


O povo que escutava Jesus conhecia bem a vida dos pastores de ovelhas. A profissão do pastor é “salvar” as ovelhas da desagregação, da fome, das intempéries, das feridas, dos animais ferozes. Exatamente isso faz o Cristo conosco: salva-nos.
Jesus está na Judéia, região seca e pouco fértil. Em vez de esplendidos trigais da galiléia, a Judéia apresenta-nos apenas umas escassas pastagens; a riqueza principal dos proprietários da região é constituída pelos rebanhos, compostos geralmente de cordeiros e cabras. A profissão de pastor ocorre na Bíblia desde as primeiras páginas Abel era pastor, todos os Patriarcas antigos eram nômades, criadores de cabras e ovelhas. Numa terra ingrata, semidesértica, não era fácil encontrar pasto e água em todas as estações do ano. Por isso os pastores saiam para longe. Cada pastor tem o seu rebanho. À noite procuravam juntar os vários rebanhos ao mesmo redil, rodeado de muros. O ladrão preferirá pular o muro evitará entrar pela porta, guardada de noite pelos pastores que se revezavam na guarda contra os ladrões e lobos famintos. Havia, no entanto, os pastores que preferiam fugir a enfrentar os ladrões ou os animais ferozes. Cada pastor pela manhã vem em busca do seu rebanho; as ovelhas conhecem-no pelo silvo com que as chama; nem uma só se engana. Vai adiante; e elas seguem-no em longas filas. Quantas vezes contemplou Jesus este espetáculo familiar transformando-o em parábola!
Jesus faz uma distinção entre empregado e dono no pastoreio das ovelhas. O contraste entre mercenário e bom pastor já fora descrito pelo profeta Ezequiel (34). “Uma vez que minhas ovelhas foram entregues à pilhagem, tornando-se presa de todos os animais selvagens por falta de pastor; uma vez que meus pastores não se preocuparam com minhas ovelhas apascentando-se a si mesmos em vez das ovelhas, venho para lhes cassar o ofício de pastor... doravante, eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar; procurarei a ovelha perdida, reconduzirei a extraviada, enfaixarei a machucada, fortalecerei a doente e vigiarei sobre as ovelhas fortes e sadias”.
Jesus declara-se hoje Bom Pastor. Com coragem lutará por suas ovelhas, para que nenhuma seja roubada, se perca ou morra. Pelas ovelhas de todos os tempos e de todos os lugares enfrentará a morte. Morrerá por elas, mas retomará a vida para que todas possam retomar sãs e salvas à casa do Pai. Perder-se-ão apenas as que forem surdas à sua voz.
Jesus é o Bom Pastor. A bondade é o seu traço dominante e também o que mais nos seduz. Esta bondade, que atrai o nosso amor, manifesta-se de


vários modos: Quando Jesus diz: “Eu conheço as minhas ovelhas” significa que ele assumiu a condição humana e a amou até o extremo. Nada do que é humano lhe é estranho, conhece a cada um de nós, porque o pastor chama as suas ovelhas pelo seu nome. Devemos sentir uma consolação infinita em pensar que efetivamente Jesus conhece a cada um de nós, que o nosso nome tem um lugar no seu coração. Desde toda a eternidade o Amor nos amou! Por isso, conhecemos sua voz; ela nos é familiar. Fomos criados à sua imagem e semelhança. Quando Ele fala que suas ovelhas o conhecem, significa que aceitamos sua pessoa e sua mensagem. E aceitamos com todo o nosso ser. No Evangelho de João o verbo conhecer envolve toda a vida do indivíduo, que aceita a mensagem de Deus, se submete a ela e pauta por ela todo o comportamento. Envolve o ver, o ouvir, o perceber, o experimentar e transforma tudo em fonte de amor.
Jesus é o Bom Pastor. Ele conduz as ovelhas para fora, coloca-se à frente delas, mostrando-lhes o caminho, afastando as armadilhas, prevenindo perigos. Há pastagens venenosas embora exuberantes! Alimentos nocivos que envenenam. O mundo secularizado tudo oferece como grande supermercado. Todas as coisas ao alcance das mãos. É preciso saber escolher, e não se deixar enganar pelos rótulos atraentes!
Em verdes pastagens o Bom Pastor nos fará repousar! Ele mesmo será nosso alimento: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente”.
Não basta ter a segurança do Bom Pastor: é preciso segui-lo, escutar sua voz, ser-lhe fiel, não afastar-se dele buscando alimento em pastagens ressequidas e água em cisternas cheias de podridão. O bom pastor deseja apascentar boas ovelhas, que entrem pela porta do redil e aceitem ser conduzidas para as verdes pastagens e para as águas tranqüilas!
Numa família, numa comunidade, numa pastoral, num ambiente de trabalho há pessoas em posição de liderança. Podem ser bons pastores, voltados para as necessidades dos que recebem seu serviço ou ser pastores mercenários, preocupados em levar vantagem, pensando não necessariamente em dinheiro mas também em prestígio, poder, vaidade.... O bom pastor se gasta para conhecer suas ovelhas, dá e recebe de forma saudável, positiva.

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