quinta-feira, 6 de maio de 2010

Símbolo Litúrgico


O ser humano é, ao mesmo tempo, corporal e espiritual. É matéria e espírito. Sua percepção, pois, das realidades espirituais depende de imagens e de símbolos, e sua comunicação só é plenamente objetiva na linha de comunhão. Em todas as civilizações e culturas e em todos os momentos da história, esse dado antropológico é registrado, sem discussões. O homem percebe as coisas pela linguagem própria, viva e silenciosa das coisas e se situa - ele próprio - no mundo do mistério. Tendo consciência de sua realidade transcendente, o homem busca, pois, a comunhão no mistério, que se dá, sobretudo, na linguagem silenciosa dos símbolos.
De fato, os símbolos nos mostram, em sua visibilidade, uma realidade que os transcende, invisível. Falam sempre a linguagem do mistério, apontando para além deles próprios. Por aqui pode-se perceber o quanto é útil e necessária na liturgia esta linguagem misteriosa dos símbolos, e eles não têm, como objetivo, explicar o mistério que se celebra, pois o mistério é para ser vivido, mais portanto que ser explicado. A finalidade dos símbolos é adornar, na linguagem simples das coisas criadas, a expressão profunda do mistério, que é invisível.
Todo símbolo litúrgico deve, pois, mergulhar-nos na grandeza do mistério, sem reduzir este, e sem banalizá-lo, e, como símbolo, deve ser simples, como simples é toda a criação visível. Sua principal função, sobretudo na liturgia, é, pois, comunicar-nos aquela verdade inefável, que brota do mistério de Deus e que, portanto, não se pode comunicar com palavras. Na participação litúrgica devemos passar da visibilidade do símbolo, isto é, de seu sentido imediato, de significante, para a sua dimensão mistérica, invisível, atingindo o significado, que é o objetivo final de toda realidade simbólica. Se o símbolo não nos leva a essa passagem para um nível superior de crescimento espiritual, ou ele já não tem mais força expressiva, simbólica, ou somos nós que falhamos na nossa maneira de participar da liturgia. Um exemplo de perda de significação simbólica, podemos citar a batina dos padres, ou o uso do véu na igreja pelas mulheres. Insistir, em nossa cultura, no uso de tais símbolos litúrgicos, seria forçar uma prática já inexpressiva e que até causaria espanto em muitas cabeças, para não dizer em toda a assembléia.
Na liturgia - saibamos - tudo, pois, é simbólico. E a liturgia é descrita como ação simbólica, no sentido mais pleno. Desde a assembléia reunida até a pequenina chama da vela que arde, tudo é expressão simbólica, que nos remete ao abismo do mistério de Deus. Na compreensão desse dado litúrgico está a beleza de todo ato celebrativo, e de sua consciência brota já a alegria pascal, como antecipação sacramental das alegrias futuras, definitivas e eternas.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Mensagem de Dom Marco Eugênio em decorrência do Jubileu de Ouro


Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Ao Clero e a todo o Povo de Deus

Amados filhos

A Diocese de Estância vive a alegria do seu Jubileu de Ouro. O Senhor olhou com carinho para esta porção de seu povo e fez dele uma Igreja Particular. Há exatos 50 anos o saudoso Papa João XXIII, solícito com as necessidades pastorais da Igreja, acolhia o apelo feito pelo então Bispo de Aracaju: Dom José Vicente Távora e desmembrava a Diocese de Aracaju em mais duas, assim nascia a Diocese de Estância, localizada na região sul do estado de Sergipe.
Somos uma Diocese de proporções pequenas, mas grandes desafios. Constituída de 20 paróquias, mas estas possuem diversas comunidades rurais que pedem dos padres um heroísmo para atender as diversas necessidades da Evangelização.
Recordamos com profunda gratidão os desbravadores dessa Igreja Particular, em especial Dom José Bezerra Coutinho, que com incansável ardor estruturou pastoral e administrativamente. Além de padres que diante da carência de clero não mediam esforços para atender o Povo de Deus.
Também rendemos graças a Deus por Dom Hildebrando Mendes Costa, que impelido pelo zelo apóstolico procurou suscitar vocações para que todo rebanho pudesse contar com pastores.
Hoje nossa ação de Graças se dirige a todos os padres e diácono desta Diocese, um clero jovem que com sua dinamicidade vão fazendo o Evagelho chegar a todos e atende na santificação do povo através dos Sacramentos. São minhas mãos, colaborando comigo neste apascentar.
Rendo graças a Deus pela vocações nascidas nesta Diocese. E me dirigindo a vós, caros filhos seminaristas, os convido a intensificarem suas vidas de oração e intimidade com Deus, pois somente unidos a Ele, sereis instrumentos eficazes na Obra do Senhor. Nos estudos, pastorais, orações e até mesmo vida comunitária, tragam sempre em mente a missão que os espera.
Rendo igualmente graças a Deus por todos os movimentos e pastorais de nossa Diocese e por todos os leigos engajados, que vão fazendo através de sua vida de doação com que o Reino de Deus seja uma realidade entre nós.
Não obstante as dificuldades que ainda enfrentamos, temos muitos motivos para louvar a Deus e carregar a certeza de que Ele caminha conosco, nos guia e fará com que um dia nos encontremos todos na Jerusalém Celeste.

Com uma especial benção

+ Dom Marco Eugênio Galrão Leite de Almeida - Bispo Diocesano de Estância

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Carta de Dom Henrique Soares aos Sacerdotes


Amados Irmãos sacerdotes de Cristo,



Estamos no Ano Sacerdotal, querido pelo Santo Padre Bento XVI, porque com seu coração de sábio e prudente Pastor da Igreja de Cristo, vê claramente as tremendas dificuldades e desafios de ser padre na época presente.

Desafios? Sim! Além dos de sempre, da luta interior contra nossas tendências desencontradas - herança de filhos de Adão -, aqueles outros, decorrentes de um mundo secularizado, cada vez mais descristianizado e que tudo relativiza: Deus, o seu Cristo, a sua Igreja, a doutrina e a moral católicas... Parece que tudo pode ser barganhado e tratado na brincadeira!

E os sacerdotes não são caídos do céu: são filhos deste tempo, com as tentações deste tempo, as fraquezas deste tempo e, no entanto, agora, neste tempo, devem ser homens do céu, testemunhas da eternidade!

Por isso o Ano Sacerdotal: para fomentar e aprofundar nos sacerdotes a consciência da dignidade, da responsabilidade de sua vocação e de seu ministério; para fomentar no Povo de Deus uma consciência mais profunda de quão divino e quão humano deva ser o sacerdote...

E, precisamente, no Ano Sacerdotal, a imprensa divulga velhos e já conhecidos escândalos perpetrados por alguns membros do clero, com o único fito de desacreditar o Santo Padre e a Igreja de modo geral. Além do mais, alguns fatos recentes, bem concretos e dolorosamente verídicos, dentre os quais o escândalo lastimável, inominável na Igreja diocesana de Penedo (minha Igreja Mãe, na qual fui batizado, crismado e na qual recebi pela primeira vez o sagrado Corpo do Senhor; Igreja de tantos sacerdotes exemplares e de tão piedoso Povo de Deus!).

Quantos bons sacerdotes tenho ouvido nestes dias, entristecidos e envergonhados. Quantos desanimados!

A vós, queridos sacerdotes, queria dizer uma palavra como Bispo da Igreja de Cristo. Nunca vos envergonheis do santo ministério ao qual o Senhor vos chamou! Nunca deixeis que a má conduta vergonhosa e reprovável de uns poucos, tão gozosamente divulgada por um mundo sedento de escândalos, vos faça esquecer a multidão de tantos sacerdotes santos, que com amor, com dedicação admirável, entregam toda a vida, de corpo e alma, ao serviço de Cristo e dos irmãos! Que a infidelidade ao celibato e a vulgaridade grosseira de alguns, tão abertamente reveladas nestes dias, não vos façam esquecer a beleza e o profundo sentido do estilo de vida ao qual o Senhor nos chamou: solteiros pelo amor de Jesus, solteiros pelo Reino dos Céus, solteiros porque imagem do Esposo da Igreja, solteiros para a todos chamar de filhos em Cristo verdadeiramente e sem limites!

Queridos sacerdotes, o Senhor vos chamou, o Senhor vos ungiu, o Senhor vos consagrou! Não vos esqueçais nunca que do vosso – do nosso – sacerdócio faz parte a participação na cruz de Cristo! Neste momento de prova e de dor para tantos de vós que, inocentemente, talvez sintais a desconfiança imotivada e preconceituosa de alguns, fixai o vosso olhar nAquele que por nós sofreu tão grande contradição: Jesus, o autor e consumador da nossa fé. Ele é tão belo! Quando nos fixamos nele, o mais amargo se torna doce e toda a treva se dissipa...

Pensando em vós, amados em Cristo, vêm-me frequentemente à mente duas palavras da Escritura Sagrada: uma do Apóstolo:

(1) “Julgo que Deus nos expôs em último lugar como condenados à morte: fomos dados em espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens. Somos loucos por causa de Cristo, vós, porém, sois prudentes em Cristo; somos fracos, vós, porém, sois fortes; vós sois bem considerados, nós, porém, somos desprezados. Somos amaldiçoados, e bendizemos; somos perseguidos, e suportamos; somos caluniados, e consolamos. Até o presente somos considerados como o lixo do mundo, a escória do universo” (1Cor 4,9-13). Não quero ser ou parecer dramático com estas palavras nem desejo que assumamos uma atitude vitimística! Mas, desejo que compreendais que esta situação na qual tantos e tantos de vós, zelosos e fieis sacerdotes, vos encontrais cheios de embaraço e talvez de desânimo, faz parte do nosso ministério. Não é à toa que nos propomos seguir o Cristo! A escolha dele e a resposta nossa têm conseqüências muito concretas e, por vezes, dolorosas em nossa vida! Como o santo Apóstolo, nas palavras acima, não vos canseis de abençoar, de suportar, de consolar! Não vos canseis de ser sinal da presença santa e santificadora de nosso Salvador nesta terra de exílio, sem buscardes outra recompensa que não o próprio Senhor, nosso Amigo, que nos chamou!



(2) A outra palavra que me tem vindo à mente e ao coração é do nosso Jesus: “Vós sois os que permanecestes constantemente comigo em minhas tentações; também eu disponho para vós o Reino, como o meu Pai o dispôs para mim a fim de que comais e bebais à minha mesa em meu Reino,” (Lc 22,28-30). Permanecer com Jesus – eis a nossa sina, a nossa herança, a nossa cruz e a nossa maior honra; eis a nossa alegria! Convido-vos, queridos padres, a que mantenhais os olhos fixos no Senhor e aproveiteis este momento de prova e de purificação, como um chamado do Senhor a uma maior conversão a ele! Convido-vos, como vosso irmão e Bispo da Igreja, a que vos mantenhais profundamente unidos a Jesus e a nele encontrar a motivação, o entusiasmo e a alegria da vossa vocação!



São Paulo nos diz que “Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam” (Rm 8,27). Nesta situação, que nos deixa perplexos e entristecidos ao constatar a triste e grosseira infidelidade de alguns que deveriam ser sinais da santidade e da benignidade do Senhor Jesus, não vos deixeis abater, mas senti-vos ainda mais interpelados e impelidos a uma vida de santidade e coerência, como dispensadores dos mistérios de Deus (cf. 1Cor 4,1) em favor dos irmãos, em favor do mundo inteiro.

Certamente, que sentis também o belíssimo testemunho de fé e de carinho de tantos membros do Povo de Deus, que sabem poder contar com seus pastores e neles confiar! Aliás, os católicos praticantes, aqueles que estão diuturnamente nas nossas comunidades, sabem apreciar a beleza do sacerdócio e a grandeza dos sacerdotes, apesar de trazermos este tesouro em vasos de argila (cf. 2Cor 4,7). Desses leigos tão generosos e fieis, quanto tendes recebido de apoio e incentivo! Sejam eles uma palavra e um carinho de Cristo para todos vós!

Queridos irmãos sacerdotes, acolhei esta minha palavra de confiança em vós, de apoio, de conforto, de solidariedade! Sei do vosso valor e da vossa grandeza, da vossa generosidade e das vossas tribulações. Por isso senti-me impelido a escrever-vos de modo público para vos testemunhar todo o meu afeto no Senhor! Sei que este é o sentimento de todos os meus irmãos no Episcopado! Penso, portanto, também fazer-me intérprete do sentimento que todos eles nutrem por vós, nossos diletos cooperadores.

Que Cristo Jesus vos abençoe, vos conceda a graça da fecundidade espiritual e vos faça cada vez mais santos e dedicados pastores do rebanho do Senhor!

Com todo o meu afeto paterno,



+Henrique

Bispo Titular de Acúfida e Auxiliar de Aracaju - SE

O caminhar na Fé


O que é caminhar na fé?

Você já notou que todo mundo deseja ser feliz? Que todas as ações humanas indicam a busca da felicidade? Os olhos da fé nos permitem vermos essa realidade humana com maior profundidade, com maior razão de ser. Nossa caminhada humana consiste em seguir rumo a Deus, em Cristo. Nossa meta é Jesus! Toda a nossa inquietude de ser plenamente feliz é o desejo expresso que consciente, ou não, de estar em ou com Deus. Assim nos cantou o salmista (Sl 62, 1-2).

São Paulo entendeu sua conversão como um viver em Cristo, ou em outra ocasião dizer que já não sou mais quem vivo, mas Cristo que vive em mim. (Gal. 2, 20).

Já na celebração eucarística ouvimos dizer: Por Cristo, com Cristo e em Cristo. São expressões que nos explicam ou nos indicam “O caminhar na fé”. Viver em Cristo. Deixar que Jesus aja em minha história, seja o Senhor da minha vida (conduzir-me). A experiência de Jesus (que cada um tem) é o termômetro da fé. Como foi, então, sua experiência de Jesus, ou como está sendo sua vida de fé? Valia aqui perguntar como você alimenta a sua fé:

Você lê a Sagrada Escritura? Nela está sua história!
Você participa da vida sacramental?
Participa com freqüência da Celebração Eucarística?
Você reza pessoalmente, com sua família ou com seus amigos? Com que freqüência?

O caminhar na fé consiste em, cotidianamente, deixar-se ser guiado por Jesus. Não colocar nenhum valor ou pessoa acima de Jesus. Onde está o teu tesouro ai está o teu coração (Mt 6, 21).

Esse caminhar na fé exige um certo exercício: é preciso procurar conhecer Jesus cada vez mais; descobrir os seus pensamentos e sentimentos; ouvir as suas propostas; identificar os seus caminhos; escutar (silêncio) interiormente, o chamamento dele a nós. Nunca se conformar; devemos estar sempre a busca dele. Tudo isso é importante para que a gente possa dar a Jesus uma resposta pessoal. Por que a fé também exige uma resposta pessoal.
Esta resposta parte, evidentemente, do íntimo de cada pessoa = Eu creio, Senhor! De certa forma, acontece um encontro de cada um com Jesus e, como aconteceu com Pedro, a pessoa percebe que Ele entra em nossa vida e com olhar penetrante, interroga:
"Você me ama?" E com seu olhar Ele diz, como a Pedro: "Eu sei que você é fraco, tantas vezes incoerente e até covarde. Mas quem é você finalmente: fraqueza e covardia? Ou você é amor? Você me ama?
A resposta é profundamente pessoal, porque a fé acontece no interior de cada pessoa. Mas não se limita à intimidade de quem a dá. Tem conseqüências nas demais dimensões da vida. inclusive a vida comunitária.

A fé tem conseqüências sérias em nossa vida, basta dizer que somos chamados a viver como Jesus. É preciso que em todas as situações da vida se perguntar: o que faria Jesus?

Para viver a fé é preciso perseverança no caminho, acreditar em Deus. Deixar de ser inconstantes a fé! Alimentar-se cotidianamente de sua Palavra (e da Eucaristia).

Ninguém conseguirá caminhar na fé sem se alimenta-la com o alimento espiritual = Da Palavra e a da Eucaristia!

terça-feira, 20 de abril de 2010

IV Domingo da Páscoa - Domingo do Bom Pastor


O povo que escutava Jesus conhecia bem a vida dos pastores de ovelhas. A profissão do pastor é “salvar” as ovelhas da desagregação, da fome, das intempéries, das feridas, dos animais ferozes. Exatamente isso faz o Cristo conosco: salva-nos.
Jesus está na Judéia, região seca e pouco fértil. Em vez de esplendidos trigais da galiléia, a Judéia apresenta-nos apenas umas escassas pastagens; a riqueza principal dos proprietários da região é constituída pelos rebanhos, compostos geralmente de cordeiros e cabras. A profissão de pastor ocorre na Bíblia desde as primeiras páginas Abel era pastor, todos os Patriarcas antigos eram nômades, criadores de cabras e ovelhas. Numa terra ingrata, semidesértica, não era fácil encontrar pasto e água em todas as estações do ano. Por isso os pastores saiam para longe. Cada pastor tem o seu rebanho. À noite procuravam juntar os vários rebanhos ao mesmo redil, rodeado de muros. O ladrão preferirá pular o muro evitará entrar pela porta, guardada de noite pelos pastores que se revezavam na guarda contra os ladrões e lobos famintos. Havia, no entanto, os pastores que preferiam fugir a enfrentar os ladrões ou os animais ferozes. Cada pastor pela manhã vem em busca do seu rebanho; as ovelhas conhecem-no pelo silvo com que as chama; nem uma só se engana. Vai adiante; e elas seguem-no em longas filas. Quantas vezes contemplou Jesus este espetáculo familiar transformando-o em parábola!
Jesus faz uma distinção entre empregado e dono no pastoreio das ovelhas. O contraste entre mercenário e bom pastor já fora descrito pelo profeta Ezequiel (34). “Uma vez que minhas ovelhas foram entregues à pilhagem, tornando-se presa de todos os animais selvagens por falta de pastor; uma vez que meus pastores não se preocuparam com minhas ovelhas apascentando-se a si mesmos em vez das ovelhas, venho para lhes cassar o ofício de pastor... doravante, eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar; procurarei a ovelha perdida, reconduzirei a extraviada, enfaixarei a machucada, fortalecerei a doente e vigiarei sobre as ovelhas fortes e sadias”.
Jesus declara-se hoje Bom Pastor. Com coragem lutará por suas ovelhas, para que nenhuma seja roubada, se perca ou morra. Pelas ovelhas de todos os tempos e de todos os lugares enfrentará a morte. Morrerá por elas, mas retomará a vida para que todas possam retomar sãs e salvas à casa do Pai. Perder-se-ão apenas as que forem surdas à sua voz.
Jesus é o Bom Pastor. A bondade é o seu traço dominante e também o que mais nos seduz. Esta bondade, que atrai o nosso amor, manifesta-se de


vários modos: Quando Jesus diz: “Eu conheço as minhas ovelhas” significa que ele assumiu a condição humana e a amou até o extremo. Nada do que é humano lhe é estranho, conhece a cada um de nós, porque o pastor chama as suas ovelhas pelo seu nome. Devemos sentir uma consolação infinita em pensar que efetivamente Jesus conhece a cada um de nós, que o nosso nome tem um lugar no seu coração. Desde toda a eternidade o Amor nos amou! Por isso, conhecemos sua voz; ela nos é familiar. Fomos criados à sua imagem e semelhança. Quando Ele fala que suas ovelhas o conhecem, significa que aceitamos sua pessoa e sua mensagem. E aceitamos com todo o nosso ser. No Evangelho de João o verbo conhecer envolve toda a vida do indivíduo, que aceita a mensagem de Deus, se submete a ela e pauta por ela todo o comportamento. Envolve o ver, o ouvir, o perceber, o experimentar e transforma tudo em fonte de amor.
Jesus é o Bom Pastor. Ele conduz as ovelhas para fora, coloca-se à frente delas, mostrando-lhes o caminho, afastando as armadilhas, prevenindo perigos. Há pastagens venenosas embora exuberantes! Alimentos nocivos que envenenam. O mundo secularizado tudo oferece como grande supermercado. Todas as coisas ao alcance das mãos. É preciso saber escolher, e não se deixar enganar pelos rótulos atraentes!
Em verdes pastagens o Bom Pastor nos fará repousar! Ele mesmo será nosso alimento: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente”.
Não basta ter a segurança do Bom Pastor: é preciso segui-lo, escutar sua voz, ser-lhe fiel, não afastar-se dele buscando alimento em pastagens ressequidas e água em cisternas cheias de podridão. O bom pastor deseja apascentar boas ovelhas, que entrem pela porta do redil e aceitem ser conduzidas para as verdes pastagens e para as águas tranqüilas!
Numa família, numa comunidade, numa pastoral, num ambiente de trabalho há pessoas em posição de liderança. Podem ser bons pastores, voltados para as necessidades dos que recebem seu serviço ou ser pastores mercenários, preocupados em levar vantagem, pensando não necessariamente em dinheiro mas também em prestígio, poder, vaidade.... O bom pastor se gasta para conhecer suas ovelhas, dá e recebe de forma saudável, positiva.

Ano Sacerdotal


O que é ser Padre


Ser padre não é o caminho dos desiludidos, melancólicos, tristes... é, pelo contrário, o caminho daqueles cuja alma se incendiou pelo ideal do Evangelho, reconhecendo as fidelidades das Bem-aventuranças.

Ser padre não é o caminho dos que nasceram sérios, já formados... é, pelo contrário, o caminho dos que se formaram e tomaram a sério a vida, comparando-a com a eternidade.

Ser padre não é o caminho dos que nasceram santos... é, pelo contrário, o áspero caminho dos que querem ser, embora saibam que é preciso lutar todos os dias para consegui-lo.

Ser padre não é o caminho dos conformistas e satisfeitos com a situação deste mundo... é, pelo contrário, o caminho dos violentos e rebeldes que lutam para que sua passagem neste mundo o faça um pouco melhor.

Ser padre não é o caminho dos que regateiam ou medem suas obrigações para Deus e o próximo... é, pelo contrário, o caminho dos que seguem generosamente os conselhos de Jesus Cristo.

Ser padre não é o caminho dos que querem fazer um favor a Deus... é, pelo contrário, o caminho dos que correspondem, gratos, ao imenso favor que Deus lhes faz, chamando-os a seu serviço.


Ser padre não é um refúgio ou uma fuga... é pelo contrário, o caminho dos que, após uma luta vitoriosa sobre si mesmos, se oferecem para a primeira linha da frente cristã.

Ser padre não é o caminho dos que não servem para o mundo dos negócios... é, pelo contrário, o caminho dos que renunciam ao mundo para se dedicarem ao único negócio importante.

Ser padre não é o refúgio dos que não sentem inclinação para o matrimônio... é, pelo contrário, o lugar de encontro dos que, normalmente inclinados para a vida de família, renunciam a uma família limitada, e, por um ideal mais elevado, consagram todo o seu amor à família universal dos filhos de Deus.

Ser padre não é o caminho dos egoístas que só olham para si mesmos... é, pelo contrário, o caminho dos generosos que a todo momento pensam nos infelizes de corpo e alma.

Ser padre não é o caminho dos que temem... é, pelo contrário, o caminho dos que amam intensamente.

Ser padre não é o caminho dos que confiam em suas forças... é, pelo contrário, o caminho dos que se abandonam e se apóiam constantemente em Deus.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Divulgação

Apresento a quem visita nosso blog a Banda Tempus Dei. Formada na Paróquia Santa Luzia na Diocese de Campo Limpo em São Paulo. Estão prestes a lançar seu primeiro CD. Instrumentos nas mãos de Deus, suas músicas vão tomando espaço e evangelizando com suas letras e melodias. Deus é capaz de usar destas vozes para transformar corações.

Para refletir... Música "Aqui é o meu lugar"



Descobri em meu viver que ele me ama assim como sou,
E zela por mim, bem mais que a mim mesmo
O teu jeito de amar livrou-me da morte,
E nada exige de mim, mas mesmo assim me entrego a Ele em adoração.
Deu-me mais chances que eu merecia,
Mais graças que clamei.
Enxergou-me além das aparências,
Fez-me forte em meio às fraquezas.
Não há portas fechadas que meu Deus não possa abrir,
E nem barreiras tão altas que Ele não possa saltar.
O meu Deus é o Senhor dos milagres,
E o milagre em minha vida já determinou.
Eu sei não sou digno de habitar em tua casa,
Mas algo dentro em mim me diz aqui é o meu lugar.
Perdoe-me as palavras regadas por lágrimas
Causadas por um Deus que esqueceu minha condição e tocou meu coração.

Música composta por Sidney Alves da Paróquia Santa Luzia - Diocese de Campo Limpo/SP

Ser Santo....


Sete hábitos diários para as pessoas que desejam ser Santas.

Ninguém nasce santo. A santidade cristã se consegue com muito esforço, mas principalmente com a ajuda e a graça de Deus. Todos, sem exclusão, estão chamados a reproduzir em si mesmos a vida e o exemplo de Jesus Cristo, caminhar seguindo seus passos.
Aceitar de coração um dos pontos chaves do ensinamento do Concilio Vaticano II: a importância da doutrina da chamada universal à santidade. Você também sabe que Jesus é o único caminho para a santidade: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. O segredo da santidade é a oração constante que pode ser definida como o contínuo contato com a Santíssima Trindade: “reza sempre e sem desfalecer” (Lucas 18, 1). Existem vários caminhos para chegar a conhecer a Jesus. Nós vamos falar brevemente sobre alguns deles. Mas é preciso que você queira mesmo chegar a conhecer, amar e servir a Jesus da mesma forma que você aprendeu a amar e a enamorar-se de outras pessoas: sua esposa, membros da sua família e amigos íntimos, por exemplo, passando um tempo considerável com Ele, de forma regular e, neste caso, basicamente todos os dias. O que você vai ganhar com isso? A única e verdadeira felicidade nesta vida e a visão de Deus na vida eterna. Nada substitui esta realidade.
A santificação é um trabalho para toda uma vida e requer nosso esforço determinado para cooperar com a graça santificante de Deus que nos é dada por meio dos sacramentos.
Os sete hábitos diários que proponho a você consistem no:

1. oferecimento da manhã,
2. a leitura espiritual (Novo Testamento e um livro espiritual, segundo a indicação de seu diretor espiritual),
3. ao menos quinze minutos de oração mental,
4. a Santa Missa e a Comunhão,
5. a recitação do Ângelus ao meio dia
6. a oração do Terço,
7. e um breve exame de consciência à noite, antes de dormir.

Estes são os principais meios para alcançar a santidade. Se você é alguém que quiser levar Cristo aos outros, através da amizade, estes são os instrumentos com os quais você vai armazenar energias espirituais que lhe permitirá conseguir este objetivo. A ação apostólica sem os sacramentos, tornará ineficaz uma sólida e profunda vida interior. Você pode estar seguro que os santos incorporaram de uma ou de outra maneira todos estes hábitos em sua rotina diária. Seu objetivo é ser como eles: contemplativos no meio do mundo.
Quero agora deixar claro vários pontos, antes de examinar os sete hábitos.

Primeiro: Recorda que o crescimento nestes hábitos diários são como uma dieta ou um programa de exercício físico: é um trabalho de processo gradual. Não espere incorporar os sete ou ainda dois ou três deles em sua agenda diária imediatamente. Não é possível correr cinco quilômetros sem antes ter treinado. Da mesma maneira não é possível tocar Liszt na terceira lição de piano. Esta pressa é um convite ao fracasso, e Deus quer que você tenha êxito. É preciso trabalhar muito próximo a seu diretor espiritual e gradualmente incorporar os sete hábitos à sua vida no período de tempo que corresponda a sua situação particular. Pode ser o caso que pelas circunstancias de sua vida seja necessário até a mudança de algum dos sete hábitos.

Segundo: ao mesmo tempo, você deve fazer o firme propósito, com a ajuda do Espírito Santo e de seus especiais intercessores, para fazer destes sete hábitos a prioridade de sua vida – mais importante que o comer, o dormir, o trabalhar e o descansar -. Quero deixar claro que estes hábitos não podem ser realizados com pressa. Este não é o modo como nós queremos tratar àqueles que amamos. Eles devem ser realizados quando estivermos mais atentos durante o dia e em lugar de silêncio e sem distrações: onde seja fácil colocar-se na presença de Deus e estar com Ele. Afinal, não é mais importante nossa vida eterna do que nossa vida temporal? A prática dos sete hábitos resultará, no momento do Juízo, como uma conta de amor a Deus em nosso coração.

Terceiro: quero deixar claro que viver os sete hábitos não é uma perda de tempo. Você não está perdendo tempo: na realidade está ganhando... Nunca existirá uma pessoa que viva estes hábitos, todos eles, diariamente, que seja menos produtiva como trabalhador, ou pior esposo, ou que tenha menos tempo para seus amigos, ou não possa cultivar a vida intelectual. Todo o contrário! Deus sempre recompensa quem o põe a Ele em primeiro lugar. Nosso Senhor multiplicará assombrosamente seu tempo, assim como multiplicou os pães e os peixes e os deu a comer à multidão até saciar-se. Você pode estar certo de que o Papa João Paulo II reza muito mais que a hora e meia que se sugere nestes sete hábitos repartidos ao longo do dia.

Vamos então, aos sete hábitos que farão de você uma pessoa muito feliz.

Oração pelo Papa


Ó Jesus, Rei e Senhor da Igreja: renovo na vossa presença, a minha adesão incondicional ao vosso Vigário na terra, o Papa. Nele, quisestes mostrar o caminho seguro e certo que devemos seguir, em meio à desorientação, à inquietude e ao desassossego. Creio firmemente que, por meio dele, vós nos governais, ensinais e santificais, e que, sob o seu cajado, formamos a verdadeira Igreja: Uma, Santa, Católica e Apostólica.

Concedei-me a graça de amar, viver e propagar, como filho fiel, os seus ensinamentos. Cuidai de sua vida, iluminai a sua inteligência, fortalecei o seu espírito, defendei-o das calúnias e da maldade. Aplacai os ventos erosivos da infidelidade e da desobediência, e concedei que, em torno a ele, a vossa Igreja se conserve unida, firme na fé e nas obras, e seja assim o instrumento da vossa redenção.
Assim seja!

Formação Litúrgica


ORIENTAÇÕES PARA OS MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS
DA COMUNHÃO EUCARÍSTICA

A faculdade de conceder a algumas pessoas idôneas da comunidade a possibilidade de ajudar na distribuição da Santa Comunhão só aconteceu depois do Concílio Ecumênico Vaticano II. Antes disso, esta função era extremamente reservada aos Diáconos, Padres e Bispos. Dadas algumas necessidades pastorais a Santa Sé tomou providências para que o maior número de fiéis possível pudesse receber a Sagrada Comunhão quando desejasse e tivesse de alguma maneira impedido.
Porém, de certa forma esta faculdade foi mal interpretada em algumas localidades, chegando a acontecer alguns abusos, os quais foram sendo reparados com o tempo pela autoridade competente. Ao abrir uma possibilidade foram dadas certas situações e normas a serem observadas.
São várias as circunstâncias em que pode dar-se o caso de não haver à disposição um número suficiente de ministros ordinários, para distribuírem a Sagrada Comunhão. Isso pode acontecer:

 Durante a celebração da Santa Missa, devido a uma grande afluência de fiéis, ou por qualquer dificuldade particular da parte do celebrante;
 Fora da celebração da Santa Missa, quando, em virtude de longas distâncias que separam os lugares, se torna dificultoso levar as Sagradas Espécies, especialmente sob a forma de Viático, aos doentes é tal que exige a intervenção de vários ministros, o que pode suceder, sobretudo em hospitais ou noutras instituições similares. Assim, para que os fiéis que se encontram em estado de graça e desejam, animados de reta e piedosa intenção, participar do Banquete Eucarístico, não se vejam privados da ajuda e conforto espiritual deste Sacramento, o Sumo Pontífice julgou oportuno instituir para eles ministros extraordinários, que possam dar aos outros fiéis a Sagrada Comunhão, quando se verifiquem certas condições, que, em seguida, se precisam:

1. É dada aos Ordinários (bispos) dos lugares a faculdade de permitirem que pessoas idôneas, individualmente escolhidas, possam, na qualidade de ministros extraordinários, em circunstâncias singulares (“ad actum”), ou por um período de tempo determinado, ou ainda de modo permanente, onde se apresentar a necessidade disso, alimentar-se por si próprias com o Pão Eucarístico, distribuí-lo aos demais fiéis e mesmo levá-lo aos doentes que se acham retidos em casa, quando:

 Faltem o sacerdote, o diácono ou o acólito, para o fazer;
 Os mesmos se achem impedidos de distribuir a Sagrada Comunhão, por motivo de outras ocupações do ministério pastoral, por doença, ou por causa da idade avançada;
 O número dos fiéis que desejam receber a Sagrada Comunhão é tão elevado que obrigaria a prolongar excessivamente o tempo da celebração da Missa, ou o da mesma distribuição da Sagrada Comunhão, fora da Missa
2. Os mesmos Ordinários dos lugares gozam da faculdade de permitir a cada um dos sacerdotes no exercício do sagrado ministério o poder de deputar uma pessoa idônea, a qual, nos casos de verdadeira necessidade, “ad nuctum”, distribua a Sagrada Comunhão.
3. Poderão os mencionados Ordinários dos lugares, ainda, delegar faculdades aos Bispos Auxiliares, aos Vigários Episcopais e aos Delegados Episcopais.
4. A pessoa idônea, de que se fala nos precedentes nn. 1 e 2, será designada tendo presente a ordem que a seguir se indica, a qual, no entanto, poderá ser alterada, segundo o juízo prudente do Ordinário do lugar: leitor, aluno do seminário Maior, religioso, religiosas, catequistas, simples fiel – homem ou mulher.

Tendo em vista que as faculdades foram concedidas unicamente em vista do bem espiritual dos fiéis e para os casos em que se verifica verdadeira necessidade, tenham os sacerdotes presente que, em virtude delas, não ficam eximidos do dever de distribuir a Santíssima Eucaristia aos fiéis que legitimamente a desejam receber; e de modo particular, do dever de levá-la e ministrar aos doentes.
Importa que o fiel designado como ministro extraordinário da Sagrada Comunhão, devidamente preparado, se distinga pela vida cristã, pela sua fé e costumes exemplares. Assim, deverá ele envidar o melhor esforço por estar à altura desta alta função, por cultivar a piedade para com a Santíssima Eucaristia, e por ser sempre de edificação para os outros fiéis, pela sua devoção e reverência para com o Augustíssimo Sacramento do Altar. Não seja escolhido para tal função alguém cuja designação possa dar motivo à perplexidade da parte dos fiéis.

ORIENTAÇÕES PRÁTICAS

 Procure saber na sua região quem são as pessoas enfermas, informe ao padre aquelas que têm o desejo de comungar, para que ele possa ir confessá-la antes.
 Nunca tome a iniciativa de distribuir a Sagrada Comunhão antes de saber se a pessoa realmente deseja, está devidamente preparada pelo Sacramento da Penitência e se em casos extremos, ainda está viva.
 Ao sair para distribuir a Sagrada Comunhão, não se detenha na rua conversando com as pessoas, lembre que você está carregando o próprio Cristo, vá pelo caminho mais curto e em espírito de recolhimento e oração.
 Chegando a casa da pessoa enferma, não seja inconveniente, adaptem-se as circunstâncias, sempre preservando a dignidade e o respeito para com a Eucaristia.
 Caso aconteça alguma coisa com o Corpo de Cristo, dilua-O num copo com água (pois onde não há a matéria não há o Sacramento), terminando imediatamente informe ao padre.
 É conveniente que a veste usada para distribuir a Sagrada Comunhão fora da celebração seja a mesma usada na Santa Missa, caso isso não seja possível cuidar o máximo possível do decoro.
 Na Santa Missa, o Ministro extraordinário da Comunhão segue na procissão de entrada na frente do padre; na Fração do Pão vai ao tabernáculo pegar as Reservas para distribuição, sempre entregando ao padre e não colocando diretamente no Altar.
 Comunga da mão do padre e é da mão dele que recebe a âmbula que será utilizada para a distribuição.
 Na distribuição apresenta a Partícula e diz em voz alta e audível: O Corpo de Cristo; entregando em seguida na mão ou na boca do comungante, sempre observando se o mesmo comungou. (Nunca deixe a pessoa sair com o Corpo de Cristo na mão).
 Terminada a distribuição devolve a âmbula ao padre e espera que ele lhes dê a que será colocada no Tabernáculo.
 Não é permitido ao Ministro da Comunhão purificar os vasos sagrados após a comunhão.
 Na celebração da Palavra evitar sentar na cadeira presidencial, pois essa manifesta essencialmente a função do padre como cabeça da comunidade local. No caso dos ministros esse preside dentre os iguais.
 O ministro pode expor e recolher o Santíssimo Sacramento, nunca, porém, dar a benção.

A função de Ministro extraordinário da Comunhão não constitui um status na comunidade, mas como o próprio nome indica, a função é essencialmente serviço. Não se deve permitir que haja Ministros apenas “de nome”, todos devem ajudar da melhor maneira possível a comunidade a ter uma aproximação cada vez maior com o Cristo na Eucaristia.
Sua vida deve ser exemplar, um ponto de referência para os demais, pois a santidade de vida é um dos critérios para se escolher os Ministros, não é admissível que haja dentre os irmãos de Ministério, nem muitos menos com os demais na comunidade um sentimento de intriga, ou busca de privilégios.
Na impossibilidade de exercer o Ministério não se deve segura-lo, mas ter a coragem de procurar o padre e contar a dificuldade entregando se necessário a função, pois pode ser que sua ausência no serviço esteja sobrecarregando outras pessoas e não tenha se colocado outros ministros por achar que já há muitos na comunidade. Nestas horas o respeito humano fala mais alto, porém a caridade fraterna querida por Cristo deve se sobrepor sobre o respeito humano.
Uma vida de oração profunda deve ser o guia de todo ministro, pois você será o portador de Cristo para muitas pessoas e como você quer levar alguém que não conhece. Isso tornaria seu ministério num emprego tirando dele todo significado

Formação Litúrgica


A SANTA MISSA
RITOS INICIAIS

“Os ritos iniciais que precedem a Liturgia da Palavra, isto é, entrada, saudação, ato penitencial, Kyrie, Glória e oração do dia, têm o caráter de exórdio, introdução e preparação. Sua finalidade é fazer com que os fiéis, reunindo-se em assembléia, constituam uma comunhão e se disponham para ouvir atentamente a Palavra de Deus e celebrar dignamente a Eucaristia”. (IGMR •, n. 46)
Por que ritos iniciais? Formar uma comunidade celebrante
Quem celebra é a Igreja. A comunidade dos batizados deixa suas ca¬sas para celebrar Cristo na sua vida e sua vida em Cristo. Reunir-se é tornar visível a Igreja, visibilizar a comunhão profunda que nos une para além das nossas diferenças: "A multidão dos crentes tinha um só coração e uma só alma" (At 5,32). Esta é a meta dos ritos iniciais. "Fazer com que os fiéis reunidos constituam uma comunidade celebrante, disponham-se a ouvir atentamente a Palavra de Deus e a celebrar dignamente a Eucaristia".
A partir desta finalidade é que devemos compreender os ritos iniciais, e "segun¬do as circunstâncias, desenvolver ou sublinhar mais um ou outro elemento, evitando acentuar tudo ao mesmo tempo" (IGMR, n. 234). Os ritos iniciais terão feições diversas de acordo com a realidade.
COMENTÁRIO INICIAL
Este tem por fim introduzir os fiéis no mistério celebrado. Sua posição correta seria após a saudação do padre, pois ao nos encontrarmos com uma pessoa, primeiro a saudamos para depois iniciarmos qualquer atividade com ela. Deve ser breve e conter aquilo que será celebrado. Não precisa divulgar o obvio.
CANTO DE ABERTURA OU ENTRADA
“Reunido o povo, enquanto o sacerdote entra com o diácono e os ministros, começa o canto de entrada. A finalidade desse canto é abrir a celebração, promover a união da assembléia, introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa, e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros”. (IGMR, n.47)
Cantar juntos o mistério celebrado une as vozes e os corações. Valorizar a procissão com a entrada dos ministros diversos; levar cruz, velas, e, conforme o tempo, círio, incenso, etc. “Em certos povos, o canto é instintivamente acompanhado do bater de mãos, de movimentos ritmados e de passos de dança dos participantes” (A Liturgia Romana e a inculturação , 1994, n. 42).
“Como os demais elementos que compõem os ritos iniciais de uma celebração, tem como principal finalidade constituir e congregar a assembléia, introduzindo-a no mistério que será celebrado. Se este canto estiver devidamente integrado ao momento ritual (dos ritos inicias), em consonância com o tempo do ano litúrgico, com o tipo de celebração, com as características da assembléia..., ele cumprirá a sua função de reunir os irmãos e irmãs no mesmo sentir. A assembléia assim reunida é sinal sacramental da Igreja, Corpo Místico de Cristo, e estará preparada para escutar a Palavra e para participar na mesa eucarística. O canto de abertura é, portanto, o prelúdio da ação litúrgica”. (FONSECA, Frei Joaquim. Cantando a missa e o ofício divino. Paulus: São Paulo, 2004)
Durante o canto de entrada percebemos alguns elementos que compõem o início da missa:
a) O canto
Através da música participamos da missa cantando. A música não é simplesmente acompanhamento ou trilha musical da celebração: a música é também nossa forma de louvarmos a Deus. Daí a importância da participação de toda assembléia durante os cantos. Existem dois tipos de cantos na celebração: os que acompanham um rito (Entrada, Ofertório, Comunhão, etc) e aqueles que constituem um rito (Ato Penitencial, Glória, Agnus Dei, etc).
b) A procissão
“O povo de Deus é um povo peregrino, que caminha rumo ao coração do Pai. Todas as procissões têm esse sentido: caminho a se percorrer e objetivo a que se quer chegar. A nova Instrução Geral parece exigir que nas missas com povo se realize normalmente a solene procissão de entrada com os diversos ministros previstos: Reunido o povo, o Sacerdote e os ministros, revestidos das vestes sagradas, dirigem-se ao altar na seguinte ordem:
a) O turiferário com o turíbulo aceso, quando se usa incenso;
b) Os ministros que portam as velas acesas e, entre eles, o acólito ou outro ministro com a cruz;
c) Os acólitos e os outros ministros;
d) O leitor, que pode conduzir um pouco elevado o Evangeliário, não, porém, o lecionário;
e) O Sacerdote que vai celebrar a Missa.
“Quando se usa incenso, antes de iniciar a procissão, o Sacerdote põe incenso no turíbulo, abençoando-o com o sinal-da-cruz, sem nada dizer”. (IGMR, 2004, n. 120 citado In Beckhäuser, Frei Alberto, Novas mudanças na Missa, Vozes, Petrópolis, RJ, 2002)
“Onde for possível, é conveniente valorizar uma verdadeira procissão de entrada do sacerdote e dos demais ministros, que prestarão um serviço específico na celebração: acólitos, ministros extraordinários da Comunhão, leitores e outros ministros, como por exemplo, os que vão ler as intenções da Oração dos fies etc. Estes ministros, oportunamente, tomarão lugar no presbitério. Há possibilidade de uma grande variedade nesta procissão. O MR prevê se oportuno, o uso de cruz processional acompanhada de velas acesas, turíbulo já aceso, livro dos Evangelhos. Outras circunstâncias poderão sugerir novos elementos como círio pascal, água benta, bandeira do padroeiro numa festa de santo, ramos, participação de representantes da comunidade (adultos jovens e crianças).” (CNBB 43 , n. 239 -240).
c) O beijo no altar
Durante a missa, o pão e o vinho são consagrados no altar, ou seja, é no altar que ocorre o mistério eucarístico. O presidente da celebração ao chegar beija o altar em sinal de carinho e reverência por tão sublime lugar.
Carrega também o simbolismo do beijo que a esposa (Igreja) dá no Esposo (Cristo), pois ali se dará a maior prova de amor: uma entrega total e voluntaria pela salvação de todos.
A SAUDAÇÃO
a) Sinal da Cruz
“Executado o canto de entrada, o sacerdote, de pé junto à cadeira, junto com toda a assembléia faz o sinal da cruz; a seguir, pela saudação, expressa à comunidade reunida à presença do Senhor. Esta saudação e a resposta do povo exprimem o mistério da Igreja reunida”. “Feita à saudação do povo, o sacerdote, ou diácono, ou um ministro leigo, pode com brevíssimas palavras introduzir os fiéis na Missa do dia” . (IGMR, n. 49)
O presidente da celebração e a assembléia recordam-se por que estão celebrando a missa. É, sobretudo pela graça de Deus, em resposta ao seu amor. Nenhum motivo particular deve sobrepor-se à gratuidade. Pelo sinal da cruz nos lembramos que pela cruz de Cristo nos aproximamos da Santíssima Trindade.
O sinal-da-cruz no início da Liturgia é (como tantas outras) também uma ação ritual litúrgica e, por isso mesmo, carregada de profundo sentido humano, teológico e espiritual. Antes de tudo é preciso ver essa ação litúrgica como uma ação integrada no contexto dos ritos iniciais da celebração.
Como se vê, a finalidade dos ritos iniciais é, em outras palavras, fazer com que os fiéis, sentindo-se assembléia litúrgica, façam a experiência de estarem em comunhão de fé e amor (com Deus: Trindade santa e entre si) e, assim, se sintam bem dispostos a ouvir “atentamente” a Palavra e celebrar “dignamente” a Eucaristia.
É a primeira ação litúrgica, pela qual se constitui “oficialmente” a assembléia. É como se a pessoa que preside dissesse assim: “Em nome da Trindade santa (Pai, e Filho e Espírito Santo) declaro (declaramos) constituída esta assembléia litúrgica”. E toda a assembléia expressa o seu assentimento, dizendo: “Amém” (assim seja, aprovado!). Assim, junto com a saudação presidencial subseqüente e a resposta do povo, se expressa (como diz a Instrução geral) “o mistério da Igreja reunida” (IGMR, n. 50). No fundo, o que se quer dizer é isso: “A partir desse instante, está constituída a assembléia litúrgica: Quem nos reúne em comunhão de fé e amor para ouvir a Palavra e celebrar a Eucaristia é o Deus comunhão (Pai, e Filho e Espírito Santo), e mais ninguém. Neste Deus comunhão (por pura graça d’Ele) todos nós estamos em comunhão, formando um só corpo místico para celebrar a divina Liturgia, na qual somos ‘tocados’ pelo seu amor misericordioso em todos os âmbitos do nosso ser”.
Por isso, proclamando que quem nos reúne é a Trindade santa, nós tocamos o nosso corpo em forma de cruz. Esse “toque” tem um sentido simbólico e espiritual profundo. Por ele, no fundo, testemunhamos que, pelo mistério pascal (cruz e ressurreição) fomos (e somos!) “tocados” pelo amor da Trindade.
“Já no primeiro século, os cristãos se marcavam com a cruz. Ao fazê-lo, é como se talhassem ou gravassem em todo o seu ser o amor com que Jesus Cristo nos amou até o fim, morrendo por nós na cruz. (Ao traçar sobre nós a cruz) nós a burilamos em toda a amplitude do corpo: sobre a fronte (os pensamentos), no baixo ventre (a vitalidade, a sexualidade), sobre o ombro esquerdo (o inconsciente, o feminino, o coração), sobre o ombro direito (o consciente, o masculino, o agir). Ao fazer o sinal-da-cruz, asseguramos e antecipamos aquilo que celebramos na Eucaristia: que seremos tocados pelo amor de Cristo e que nada em nós fica excluído deste amor. Na Eucaristia, Jesus Cristo imprime o seu amor salvador e libertador em todos os âmbitos de nosso corpo e de nossa alma, para que tudo em nós espelhe sua luz e seu amor” (La Eucaristía como obra de teatro, como “teatro-visión” e “teatro-juego”. In: Cuadernos Monásticos n. 147, 2003, p. 439-440).

Portanto, fica claro que o sinal-da-cruz no início da Liturgia não tem nada a ver com “invocação” à Santíssima Trindade, como muitos pensam. Não tem sentido chamar esta ação litúrgica de “invocação” à Trindade. Pois é Ela que, por gratuita iniciativa sua já nos reúne em assembléia para, em comunhão de fé e amor, ouvirmos “atentamente” a Palavra e celebrarmos “dignamente” a Eucaristia... Simplesmente celebramos o fato de ser Ela que nos reúne para sermos “tocados” pela presença viva do Senhor, na Palavra e no Sacramento.

Saudação ritual
Retirada na sua maioria dos cumprimentos de Paulo, o presidente da celebração e a assembléia se saúdam. O encontro eucarístico é movido unicamente pelo amor de Deus, mas também é encontro com os irmãos.
Após o sinal da cruz e a saudação ritual (falada ou cantada), o missal prevê uma palavra espontânea de quem preside ou de outro ministro. Pode ser bom saudar os visitantes ou pessoas específicas em ocasiões especiais (pais, mães dos batizandos etc.).
“A saudação, no começo da celebração é muito antiga. Pelo menos, desde o tempo de Santo Agostinho, já se tem notícia dela. "Entrei... Saudei o povo e as sagradas escrituras foram lidas" (A Cidade de Deus , 22,8). Ela indica que a convocação da Assembléia é um gesto de fé e que vai se realizar um acontecimento em que Cristo Jesus e seu Espírito serão protagonistas.
Como em toda a celebração, também na saudação inicial, o presidente está agindo "in Persona Christi". Por isso a fórmula deverá ser sempre: "esteja convosco" e nunca "conosco". Talvez este pensamento fique mais claro, se considerarmos a narração da Ceia. Também lá, o presidente diz: "Isto é o meu corpo" e não: "Isto é o corpo de Cristo". Quem age e fala, através do sacerdote, é o próprio Cristo. Daí, o "isto é meu corpo".
O Missal Romano apresenta três fórmulas de saudação para o sacerdote e uma específica para o bispo. A edição brasileira acrescenta, além das previstas pela edição latina, mais quatro.
Os outros livros litúrgicos dão grande margem de flexibilidade à fórmula da saudação inicial.
Acolhida
Na verdade, precisamos rever a acolhida, investir em equipes e no jeito de acolher as pessoas e no modo de constituir a assembléia para a celebração.
É Deus mesmo que nos reúne e acolhe em seu amor pelos gestos, pelo olhar, pela saudação e pela acolhida dos ministros e da equipe de acolhida. Através deles Deus quer manifestar a sua ternura, o seu carinho e a sua alegria de Pai que acolhe seus filhos e suas filhas.
Nós somos o povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Em cada rosto e olhar é Cristo que nos acolhe. Em cada abraço e aperto de mão somos recebidos pelo Senhor. As pessoas, pouco a pouco, vão chegando para a celebração e a presença e a ação do Espírito vão juntando os corações e criando laços que nos entrelaçam com Ele, com os irmãos e com o Pai. Por isso, em cada celebração dizemos: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo. O Cristo ressuscitado nos acolhe e nos comunica a sua força pascal através da acolhida dos irmãos. Nós comunicamos a vida do Ressuscitado às pessoas no gesto de acolhimento.
Os ritos iniciais têm como objetivo a acolhida humana, simples e fraterna. A acolhida é o começo da celebração e deve ajudar a criar o clima de oração. Deve motivar a abertura do coração para o encontro Deus. A acolhida reúne as pessoas no carinho de Deus e cria na força do Espírito Santo a assembléia litúrgica.
A acolhida bem feita e a celebração participada nos ajudam a vivenciar o que está escrito na carta aos Efésios: “Vivendo segundo a Verdade, no amor, cresceremos sob todos os aspectos em relação a Cristo, que é a cabeça. É dele que o corpo todo recebe coesão e harmonia, mediante toda sorte de articulações e, assim, realiza o seu crescimento, construindo-se no amor, graças à atuação devida a cada membro” (Ef 4,15-16).
ATO PENITENCIAL
“... o sacerdote convida para o ato penitencial, que, após breve pausa de silêncio, é realizado por toda a assembléia através de uma fórmula de confissão geral, e concluído pela absolvição do sacerdote, absolvição que, contudo, não possui a eficácia do sacramento da penitência. Aos domingos, particularmente, no tempo pascal, em lugar do ato penitencial de costume, pode-se fazer por vezes, a bênção e aspersão da água em recordação do batismo”. (IGMR, n. 51)
Após saudar a assembléia presente, o sacerdote a convida para num momento de silêncio, reconhecer-se pecadora e necessitada da misericórdia de Deus. Após o reconhecimento da necessidade da misericórdia divina, o povo a pede em forma de ato de contrição: Confesso a Deus Todo-Poderoso... Em forma de diálogo por versículos bíblicos: Tende compaixão de nós... Ou em forma de ladainha: Senhor, que viestes salvar... Após, segue-se a absolvição do sacerdote. Tal ato pode ser substituído pela aspersão da água, que nos convida a rememorar-nos o nosso compromisso assumido pelo batismo e através do simbolismo da água pedir para sermos purificados.
Senhor, tende piedade de nós
“Depois do ato penitencial inicia-se sempre o Senhor, tende piedade, a não ser que já tenha sido rezado no próprio ato penitencial. Tratando-se de um canto em que os fiéis aclamam o Senhor e imploram a sua misericórdia, é executado normalmente por todos...” (IGMR, n. 52)
“O ‘Senhor tende piedade de nós’ ou ‘Kyrie, eleison’ pertence ao bloco de cantos que constituem o próprio rito da celebração eucarística, ou seja, o que costumamos chamar de ‘ordinário da missa’... Embora consciente da dificuldade de se precisar a origem da invocação ‘Senhor, tende piedade de nós’ e sua inclusão no rito da missa, testemunhos antigos nos revelam que os kyrie estavam relacionados com a resposta da oração dos fiéis, na liturgia da palavra. A cada invocação o povo respondia com o ‘Kyrie, eleison’. Mais tarde, este canto foi incluído nos ritos iniciais da missa após o ato penitencial ou como uma variante deste. A IGMR nos recomenda que este canto seja executado por toda a assembléia. Esta orientação certamente vem corrigir os desvios históricos, pelos quais o ‘kyrie, eleison’ se transformou em uma peça musical para ser executada por musicistas especializados de coros e orquestras. Quanto à assembléia, esta praticamente se limitava à escuta.
O Kyrie é, portanto, uma aclamação suplicante a Cristo Senhor e não uma forma de invocação trinitária como foi equivocamente interpretada por muito tempo. É o canto da assembléia reunida que invoca e se reconhece a infinita misericórdia do Senhor. Aliás, ‘kyrios’(Senhor), foi o nome mais comum dado a Cristo ressuscitado pelos primeiros cristãos.
Quanto à execução, via de regra, todo e qualquer canto que pressupõe um solista, o acompanhamento instrumental deverá ser sóbrio e discreto, ou seja, o suficiente para que toda a assembléia possa escutar as palavras do texto. Quando a assembléia intervier, os instrumentos poderão tocar com um pouco mais de vigor. (FONSECA, Frei Joaquim. “Cantando a missa e o ofício divino”. Paulus: São Paulo, 2004 p. 17-18).

O rito penitencial confessa o Cristo que salva. É mais desenvolvido na quaresma enquanto caminho de conversão. No tempo pascal, preferir as invocações ou a bênção - aspersão da água benta (com muita água).
“Por mais que seja importante, o ato penitencial não é absolutamente necessário na estrutura da missa. Pode ser omitido ou substituído por outros ritos, como por exemplo, no Domingo de Ramos, na Quarta Feira de Cinzas, nas ocasiões em que se unem as horas do Ofício com a Missa. Segundo o Missal Romano, a bênção e a aspersão da água não é ato penitencial, mas seu substituto (Missal Romano p. 1001). No entanto, na opinião de muitos liturgistas, "constitui, sem dúvida, um dos mais belos e mais autênticos atos penitenciais. Ela é ao mesmo tempo, uma recordação do batismo e um ato penitencial, uma ablução e uma purificação, um reconforto e um ato de salvação... Infelizmente o texto e o cântico só se encontram num apêndice do Missal." (SCHNITZLER, Theodor. Missa, mensagem e vida, p. 91).
HINO DE LOUVOR
“O Glória é um hino antiqüíssimo e venerável, pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro. O texto deste hino não pode ser substituído por outro(...) é cantado por toda a assembléia(...) se não for cantado, deve ser recitado por todos juntos. É cantado ou recitado aos domingos, exceto no tempo do Advento e da Quaresma, nas solenidades e festas e ainda em celebrações especiais mais solenes”. (IGMR, n.53)
“O Glória é um hino antiqüíssimo e venerável, pelo qual a Igreja glorifica a Deus Pai e ao Cordeiro. Não constitui uma aclamação trinitária”. (CNBB, 43, n. 257)
Espécie de salmo composto pela Igreja, o glória é uma mistura de louvor e súplica, em que a assembléia congregada no Espírito Santo, dirige-se ao Pai e ao Cordeiro. É proclamado nos domingos - exceto os do tempo da quaresma e do advento - e em celebrações especiais, de caráter mais solene.
“O ‘Glória’ é um hino que remonta aos primeiros séculos da era cristã. Na Instrução Geral do Missal Romano, lemos que o ‘Glória’ é um ‘hino antiqüíssimo e venerável, pelo qual a Igreja congregada no Espírito Santo glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro... (n. 53).
Esta definição nos deixa claro que o ‘Glória’ é um hino doxológico (de louvor/glorificação) que canta a glória e Deus e do Filho. Porém, o Filho se mantém no centro do louvor, da aclamação e da súplica. Movida pela ação do Espírito Santo, a assembléia entoa esse hino, que tem sua origem naquele canto dos anjos que ressoou pela primeira vez nos ouvidos dos pastores de Belém, na noite do nascimento de Jesus (cf. Lc 2,4).
Na sua origem, o ‘Glória’ era entoado durante o ofício da manhã. Só bem mais tarde – por volta do século IV – é que aparece prescrito na liturgia eucarística do Natal podendo ser entoado apenas pelo bispo. Esse costume se prolongou por muito tempo. Porém, no final do século XI já há notícias do uso do ‘Glória’ em todas as festas e domingos, exceto na Quaresma. Então os presbíteros já podiam entoá-lo.
O ‘Glória’ pode ser dividido em três partes:
a) O canto dos anjos na noite do nascimento de Cristo: ‘Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados’;
b) Os louvores a Deus Pai: ‘Senhor Deus, rei dos céus, Deus Pai todo-poderoso: nós vos louvamos, nós vos bendizemos, nós vos adoramos, nós vos glorificamos, nós vos damos graças pro vossa imensa glória’;
c) Os louvores seguidos de súplicas e aclamações a Cristo: ‘Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito, Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus Pai. Vós que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. Vós que tirais o pecado do mundo, acolhei a nossa súplica. Vós que estais à direita do Pai, tende piedade de nós. Só vós sois o Santo, só vós o Senhor, só vós o Altíssimo Jesus Cristo’.
O ‘Glória’ termina com um final majestoso, incluindo o Espírito Santo. É importante lembrar que esta inclusão não constitui, em primeira instância, um louvor explícito a terceira pessoa da Santíssima Trindade. O Espírito Santo aparece relacionado com o Filho, pois é neste que se concentram os louvores e as súplicas. Em outras palavras: o Cristo se mantém no centro de todo o hino. Ele é o Kyrios, o Senhor que desde todos os tempos habita no seio da Trindade.
Estas dicas certamente nos ajudarão a discernir na escolha do ‘hino de louvor’ mais adequado para as celebrações eucarísticas. Sabemos que em muitas de nossas igrejas há o costume de executar, no lugar do verdadeiro ‘Glória’ pequenas aclamações trinitárias, ou seja, simples aclamações dirigidas ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Pudemos ver que o ‘Glória’ é bem mais do que isso: nele está contido o louvor, a aclamação e a súplica. E mais: a pessoa de Jesus Cristo aparece no centro desta grande doxologia... Deixamos aqui um apelo: que tal, aos poucos, irmos abandonando aqueles “glorinhas” que pouco têm a ver com o “Glória” da mais genuína tradição da Igreja?”(Frei Joaquim Fonseca, “Cantando a missa e o ofício divino” Paulus 2004 p. 19-29).
ORAÇÃO DE COLETA
Encerra o rito de entrada e introduz a assembléia na celebração do dia. Os ritos iniciais encerram-se sempre com a oração do dia, elemento mais antigo destes ritos.
“A seguir, o sacerdote convida o povo a rezar; todos se conservam em silêncio com o sacerdote por alguns instantes, tomando consciência de que estão na presença de Deus e formulando interiormente os seus pedidos, depois o sacerdote diz à oração que se costuma chamar “coleta”, pela qual se exprime a índole da celebração. Conforme antiga tradição da Igreja, a oração costuma ser dirigida a Deus Pai, por Cristo, no Espírito Santo e por uma conclusão trinitária, isto é, com uma conclusão mais longa... (IGMR, 2004, n. 54).
O povo, unindo-se a suplica, faz sua a oração pela aclamação Amém. Na Missa sempre se diz uma única oração do dia. A assembléia dá o seu assentimento com o ‘Amém’ final”
“Se os ritos anteriores tiveram bastante dinamismo, é fácil para o sacerdote motivar com poucas palavras o povo para uma oração silenciosa de alguns instantes. Será um verdadeiro momento de recolhimento profundo, onde se experimentará a presença de Deus que fala nos corações.
Estrutura da Oração Coleta:
A oração se compõe de quatro elementos. O terceiro elemento, por sua vez, compõe-se de outros três.
1) O convite à oração: é uma herança do judaísmo . Os grandes momentos de oração comum da assembléia litúrgica eram precedidos de um convite. Este convite é mais que um sinal. É um apelo que contém em si o que vai acontecer. Realiza o que diz, ou seja, coloca em oração.
2) O silêncio: Não é um detalhe facultativo. Está prescrito na IGMR 54. Tem duas funções. Permite aos fiéis tomarem consciência de que estão na presença de Deus e dá tempo para que cada um exprima para si mesmo o sentido da festa que se está celebrando.
3) O corpo da oração: Divide-se em três elementos. a) A invocação,- Ó Deus - quase sempre acompanhada de um considerando (que fizestes resplandecer..., que reacendeis em nós...). Na liturgia romana a oração é sempre dirigida ao Pai. Também nas festas dos santos. Esta prescrição feita pelo Concílio de Hipona (393) se manteve em vigor até o século X, quando a liturgia galicana se impôs em Roma. A partir desta época, começam a ser encontradas orações dirigidas a Cristo b) O pedido, motivo fundamental da súplica. Flui do conteúdo da festa, ou do tempo litúrgico. c) A conclusão mostra que a oração é feita por Cristo no Espírito Santo.
4) O Amém: Com o amém, o povo se associa à súplica e se apropria da oração (IGMR 54). É como se dissesse ao que preside: o que acabas de dizer a Deus, como nosso intercessor e representante, é também nossa prece.

Sugestões práticas:
Desde o momento em que o povo está reunido até o amém final, todos os ritos concorrem, cada um segundo sua tônica diferente, para fazer a assembléia do Senhor, ou seja:
- Para nos reconhecer como irmãos, membros do Corpo de Cristo;
- Para manifestar que somos um só povo, um só corpo;
- Um corpo estruturado, organizado, ministérios;
- Para nos situar em Jesus Cristo, em presença de um Pai que nos salva.
 Introduzir a missa do dia “colorir” o desenrolar do rito com o mistério do dia; se possível o canto, a acolhida, o ato penitencial e a oração de conclusão. A decoração ou ambientação do espaço litúrgico é também importante.
 Cuidado para a abertura não se constituir num “resumo” da celebração. A abertura constitui o tempo de despertar, da sensibilização, tempo de convocação, pode ser também tempo de provocação, não é antecipação da Palavra.
 Cuidado! A multiplicação de ritos introdutórios pode dispersar ao invés de congregar - a acumulação, multiplicidade de ritos em tão pouco tempo.
 Os tempos penitenciais como a Quaresma e outros, quando não se canta o Glória, serão propícios para um rito penitencial mais desenvolvido, de acordo com a pedagogia do Ano Litúrgico, permitindo assim maior variedade. (CNBB, 43 n. 253).
 Não acentuar demais o aspecto penitencial na Celebração eucarística, sobretudo com o nosso povo já tão inclinado a uma religiosidade penitencial. A reconciliação e a penitência devem perpassar toda a ação pastoral da Igreja. E ela tem o seu desabrochar na Celebração do Sacramento da Reconciliação ou da Penitência, que naturalmente precede a Celebração da Eucaristia.
 Simplificação, flexibilidade, privilegiar um dos elementos, respeitando o espírito do missal e não apenas a letra, simplificá-lo em vista de uma maior eficácia.

terça-feira, 16 de março de 2010

O Filho Pródigo


Há um texto nas Escrituras conhecido por todos, principalmente por aqueles que um dia deixaram o conforto da Casa do Pai. Trata-se de uma parábola, uma ilustração dita pelo Senhor: O Filho Pródigo.

Nesta parábola, Jesus nos fala de um pai e seus dois filhos. Um destes filhos, o mais jovem, chegou ao pai e lhe disse: “pai dá-me a parte que me cabe na herança”, mostrando claramente que queria sua “independência”. O Pai deu-lhe então o que aquele jovem lhe pediu. Depois de alguns dias, aquele jovem partiu para uma terra distante, ele queria sua total independência, não queria que família alguma o proibisse de viver sua vida, afinal, ele já era crescido, já era um homem. E lá se foi ele viver sua vida independente.
Quanto engano o dele!
Ali naquela terra longe de seu Pai, longe de sua família, vivendo uma vida de total devassidão, desperdiçou toda a sua herança. Já não tinha mais amigos, aqueles que com ele estavam quando ainda tinha sua herança o abandonaram, afinal, ele já não tinha com o quê sustentar seus vícios, suas festas, seus divertimentos. E agora? Pensou ele, o que fazer? Sem dinheiro, sem amigos, sem herança. Naquele país em que se encontrava, a fome sobreveio, e ele procurou então um emprego, a fim de alimentar-se. O emprego: guardar porcos!

“15 Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos.” (Lc 15.15)
Sim, porcos! Imagine a reação dos ouvintes de Jesus, pois seus ouvintes eram judeus, e para um judeu, segundo seus costumes era totalmente proibido comer carne de porco, eles não podiam sequer tocá-los, imagine um judeu ter de criar porcos. (Lv 11.7; Dt 14.8) Isto era absurdo!Impensável a um judeu. Os ouvintes de Jesus, em sua maioria judia, devem ter ficado alarmados com tais palavras. Como pode um judeu ter de guardar porcos para sobreviver? Provavelmente isto lhes veio à mente.
Prosseguindo, Jesus diz, que em dado momento, aquele jovem caindo em si, começa a lembrar-se de seu velho pai, de sua casa, de sua família. Ele lembra, por exemplo, dos trabalhadores de seu pai, que recebiam um bom salário e tinham comida de sobra. Então ele se põe a pensar:

“Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.” (Lc 15.17-19)

Aquele jovem queria apenas ser um dos tantos trabalhadores de seu pai. Ele não queria voltar como um filho, mas queria ser um simples trabalhador. Somente isto, e já lhe era o suficiente. Nada mais. Então ensaiou o seu discurso:

“Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai pequei contra o céu e diante de ti; 19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.” (Lc 15.18,19)

Porém, Jesus continua com seu relato e diz:

“E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.” (Lc 15.20)

Isto é algo surpreendente! O filho desejou ser um simples servo, um trabalhador. Ele não queria ser um filho, voltar a sua condição de herdeiro de seu pai. Não! Ele não queria. Mas o Pai jamais havia esquecido seu filho, e provavelmente assim como Jó (Jó 1.4,5), ele clamava dia e noite pelo seu querido filho. Deve ter ficado muitas noites sem dormir, pensando no seu querido filho: como será que ele está? Como tem passado? Pensamentos assim são comuns aos pais.Todo pai deseja o bem a seus filhos, e quando são muito jovens, deseja tê-los sob sua proteção. Mas ele não perdeu a esperança de encontrar outra vez seu filho. E agora, chegou o grande dia. Seu filho retornara marcado pela dor, pelas agruras da vida longe do Pai, de sua família.
Mas qual não foi a reação do filho quando o Pai ao invés de lhe dar um emprego,ou até não lhe dar nada, afinal ele já havia dado a herança que o jovem pedira, deu-lhe novamente o direito de ser filho, de ser herdeiro. Isto mesmo! É algo surpreendente! O filho, porém preparou seu discurso, suas desculpas:


“E o filho lhe disse: Pai pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. (...)” (Lc 15.21)

O pai sequer o deixou terminar seu discurso, e imediatamente o recebeu como filho. O pai não lembrou ao filho do que havia feito, de como o abandonara, tampouco lembrou-lhe de que ele já havia recebido sua parte na herança. Não! O Pai lhe deu uma nova chance, a chance de ser filho, e conseqüentemente com esta condição restaurada, também lhe deu a oportunidade de possuir uma herança. Que tremendo!
O Pai o amou, não como um filho rebelde, mas o amou,como um pai ama seu filho. Ele o amou incondicionalmente. Seu filho retornara, e isto, era motivo para alegrar-se, para festejar.

“O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se. “(Lc 15.21-24)

O novilho cevado era guardado para uma grande festa, uma celebração. E este dia chegou. Finalmente chegou.Que alegria estava sentido aquele pai, por ter recuperado seu filho querido.
Como compreender este amor?

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Das Homilias de Santo Agostinho


«Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja.» Este nome, Pedro, foi-lhe dado porque ele foi o primeiro a criar, entre as nações, os fundamentos da fé, e porque ele é a rocha indestrutível sobre a qual assentam os pilares e o conjunto do edifício de Jesus Cristo.



Foi pela sua fidelidade que lhe chamaram pedra, enquanto o Senhor recebe este mesmo nome pelo Seu poder, segundo a palavra de São Paulo: «Eles bebiam a água da pedra espiritual que os seguia, e esta Pedra é Jesus Cristo» (1Cor 10,4).



Sim, ele merecia partilhar o nome com Jesus Cristo, pois foi o apóstolo escolhido para ser o colaborador da Sua obra. Em conjunto, construíram o mesmo edifício. É Pedro quem planta, é o Senhor que dá o crescimento, é o Senhor que envia aqueles que deverão regar (cf 1Cor 3,6ss.).



Vós sabeis, irmãos muito amados, que foi a partir das suas próprias faltas, no momento em que o seu Salvador sofria, que o bem-aventurado Pedro foi educado. Foi depois de ter negado o Senhor que ele se tornou o primeiro perante Ele. Ao tornar-se mais fiel por chorar sobre a fé que tinha traído, recebeu uma graça ainda maior do que aquela que tinha perdido. Cristo confiou-lhe o Seu rebanho para que o conduzisse como o bom pastor e, ele que tinha sido tão fraco, tornou-se então o apoio de todos. Ele que, interrogado na sua fé, tinha sucumbido, precisava confirmar os outros no fundamento inabalável da fé. E por isso que é chamado a pedra fundamental da piedade das Igrejas.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Quaresma


Nesta quarta feira de cinzas a Igreja entra em seu retiro anual. Segue os passos de seu Mestre e se prepara para o grande evento pascal. Deus neste tempo se faz mais propício a nos ouvir, nos acolher e abrir a conversão.

É tempo de jejum para nos educar no auto controle, pois as nossas paixões clamam em nossas carnes e nos convida constantemente ao pecado. Tempo de silêncio exterior para experienciar melhor o interior e deixar Deus nos falar. Tempo de meditar na Palavra de Deus, terreno fértil de onde brota aquilo que devemos fazer como cristãos. Tempo de participar com mais frequência dos Sacramentos da Penitência e Eucaristia: cura para nossa alma e alimento para nosso ser. Tempo principalmente de encontrar Jesus nos nossos irmãos mais necessitados e praticar atos de caridade para com o próximo.

Deus está aqui bem perto e se deixa tocar por nós, cabe agora a cada um deixar-se ser tocado por Deus e se abrir a nosso coração a conversão de que necessitamos.

Uma Santa Quaresma a todos.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Santa Tereza D'Àvila


AS MORADAS DE SANTA TERESA DE JESUS
O CASTELO INTERIOR


A Obra: O Castelo interior é o ensinamento maior de Santa Teresa. Fruto maduro de sua última jornada terrena, onde reflete o estádio definitivo de sua evolução espiritual e completa a mensagem das obras anteriores, Vida e Caminho. Foi escrito em 1577, aos 62 anos de idade, cinco anos antes de morrer.

Foi escrito por mandato do padre Gracián: “escreva outro livro e diga a doutrina comum, sem nomear a quem sucedeu o que ali disser”. Teresa contestou: “Para que querem que eu escreva? Escrevam os letrados, que estudaram. Sou uma tonta e não sabereis o que falar: trocarei uma palavra por outra e com isso causarei dano. Já se escreveram muitos livros sobre coisas de oração. Pelo amor de Deus, deixem-me fiar em minha roca e seguir meu coro e meus ofícios de religião, como as outras irmãs. Não sirvo para escrever, não tenho saúde nem cabeça para isso...”. O livro da Vida estava nas mãos da Inquisição.

Finalidade: Foi escrito para suas monjas do Carmelo, gente simples.

O tema: das Moradas é a oração em profundidade: o mistério do homem, com sua alma capaz de ver Deus, e o mistério da comunicação com a divindade que nele habita. Em outras palavras: as fases da vida cristã e pleno desenvolvimento da santidade.

Carateristicas da obra:

Parte sempre do dado empírico, porque sua fonte é a experiência.
Assimila o dado bíblico em textos incorporados a sua experiência.
Mestra na arte das comparações e na elaboração dos símbolos.
Três recursos serviram para organizar e estruturar o Castelo:
Um substrato de material autobiográfico: completa seu livro “A Vida”, mas mudando de método, dando-nos uma lição de vida espiritual.
Uma série de referencias escriturísticas e figuras bíblicas que incorpora a seu mundo interior.
Uma trama de símbolos: quatro símbolos maiores (o castelo, as duas fontes, o bicho-da-seda e o símbolo nupcial). Símbolo antropológico, o castelo. Símbolo tomado da natureza, as fontes. Símbolo de matiz biológico, o de bicho-de-seda. Sociológico, o símbolo nupcial.
Sentido mistagógico e pedagógico: ensina e introduz até a luz e o amor de Deus. Parte de pressupostos simples:
Um ponto de partida, presença de Deus no homem; um ponto de chegada, união com Deus, quintessência da santidade.
Um caminho a percorrer: oração como atuação da vida teologal, núcleo da vida cristã.
O motor no caminho é o amor: e o amor é determinação e obras, mais que sentimentos e emoção.
Fala do processo de vida espiritual em dois tempos:
Ascético: a luta ascética, cujo protagonista é o homem, estende-se ao longo das moradas I-II-III.
Místico: protagonizada por Deus, nas moradas V-VI-VII.


Sumário das sete moradas: a meta de todo o processo é Cristo

Primeira morada: entrar no castelo, converter-se, iniciar o trato com Deus (oração), conhecer-se a si mesmo e recuperar a sensibilidade espiritual.

Segunda morada: lutar; o pecado ainda cerca; persistem os dinamismos desordenados; necessidade de ancorar-se numa opção radical; progressiva sensibilidade na escuta da palavra de Deus (oração meditativa).

Terceira morada: a prova do amor. Estabelecimento de um programa de vida espiritual e de oração; manter-se nele; surgimento do zelo apostólico; mas sobrevêm a aridez e a impotência como estados de prova.

Quarta morada: brota a fonte interior, passagem à experiência mística; mas a sorvos, intermitentemente: momentos de lucidez infusa (recolhimento da mente) e de amor místico-passivo (quietude da vontade).

Quinta morada: morre o bicho-da-seda; a alma renasce em Cristo, estado de união por conformidade de vontades, manifestada especialmente no amor ao próximo.

Sexta morada: o crisol do amor. Período extático e tensão escatológica. Novo modo de sentir os pecados. Cristo presente. Esponsal místico.

Sétima morada: matrimônio místico. Duas graças de ingresso no estado final: uma cristológica, outra trinitária. Plena inserção na ação. Plena configuração a Cristo crucificado.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Oração de Santo Agostinho


Vós sois, ó Jesus, o Cristo, meu Pai santo, meu Deus misericordioso, meu Rei infinitamente grande; sois meu bom pastor, meu único mestre, meu auxílio cheio de bondade, meu bem-amado de uma beleza maravilhosa, meu pão vivo, meu sacerdote eterno, meu guia para a pátria, minha verdadeira luz, minha santa doçura, meu reto caminho, sapiêncdia minha prelcara, minha pura simplicidade, minha paz e concórdia; sois, enfim, toda a minha salvaguarda, minha herança preciosa, minha eterna salvação.
Ó Jesus Cristo, amável, Senhor, por que, em toda minha vida, amei, por que desejei outra coisa senão Vós? Onde estave eu quando não pensava em Vós? Ah! que, pelo menos, a partir deste momento meu coração só deseje a Vós e por Vós se abrase, Senhor Jesus! Desejos de minha alma, correi, que já bastante tardastes; ó apressai-vos para o fim a que aspirais; procurai em verdade Aquele que procurais. Ó Jesus, anátema seja quem não Vos ama. Aquele que não Vos ama seja repleto de amarguras. Ó doce Jesus, sede o amor, as delícias, a admiração de todo coração dignamente consagrado à vossa glória. Deus de meu coração e minha partilha, Jesus Cristo, que em Vós meu coração desfaleça, e sede Vós mesmo a minha vida. Acenda-se em minha alma a brasa ardente de vosso amor e se converta num incêndio todo divino, a arder para sempre no altar de meu coração; que inflame o íntimo de meu ser, e abrase o âmago de minha alma; para que no dia de minha morte eu apareça diante de Vós inteiramente consumido em vosso amor. Assim Seja.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Se fizerdes isso ao menor dos irmãos, foi a mim que fizeste.


Segue o discurso proferido pela Dra. Zilda Arns antes de ser atingida no terremoto do Haiti e retornar aos braços do Pai.

"Agradeço o honroso convite que me foi feito. Quero manifestar minha grande alegria por estar aqui com todos vocês em Porto Príncipe, no Haiti, para participar da assembleia de religiosos.

Como irmã de dois franciscanos e de três irmãs da Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora, estou muito feliz entre todos vocês. Dou graças a Deus por este momento.

Na realidade, todos nós estamos aqui, neste encontro, porque sentimos dentro de nós um forte chamado para difundir ao mundo a boa notícia de Jesus. A boa notícia, transformada em ações concretas, é luz e esperança na conquista da PAZ nas famílias e nas nações. A construção da Paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor, que tem suas raízes na gestação e na primeira infância, e se transforma em fraternidade e responsabilidade social.

A Paz é uma conquista coletiva. Tem lugar quando encorajamos as pessoas, quando promovemos os valores culturais e éticos, as atitudes e práticas da busca do bem comum, que aprendemos com nosso mestre Jesus: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenha em abundância" (Jo 10.10).

Espera-se que os agentes sociais continuem, além das referências éticas e morais de nossa Igreja, ser como Ela, mestres em orientar as famílias e comunidades, especialmente na área da saúde, educação e direitos humanos. Deste modo, podemos formar a massa crítica das comunidades cristãs e de outras religiões, em favor da proteção da criança desde a concepção, e mais excepcionalmente até os seis anos, e do adolescente. Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem leis e os governos executem políticas públicas que incentivem a qualidade da educação integral das crianças e saúde, como prioridade absoluta.

O povo seguiu Jesus porque ele tinha palavras de esperança. Assim, nós somos chamados para anunciar as experiências positivas e os caminhos que levam as comunidades, as famílias e os pais a serem mais justos e fraternos.

Como discípulos e missionários, convidados a evangelizar, sabemos que força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o Amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade. Todo esse caminho necessita de comunicação constante para iluminar, animar, fortalecer e democratizar nossa missão de fé e vida. Cremos que essa transformação social exige um investimento máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Esse desenvolvimento começa quando a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de Paz e Esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças.

Não é por nada que disse Jesus: "... se vocês não ficarem iguais a estas crianças, não entrarão no Reino dos Céus" (MT 18,3). E "deixem que as crianças venham a mim, pois deles é o Reino dos Céus" (Lc 18, 16).

Hoje vou compartilhar com vocês uma verdadeira história de amor e inspiração divina, um sonho que se fez realidade. Como ocorreu com os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35), "Jesus caminhava todo o tempo com eles. Ele foi reconhecido a partir do pão, símbolo da vida." Em outra passagem, quando o barco no Mar da Galileia estava prestes a afundar sob violentas ondas, ali estava Jesus com eles, para acalmar a tormenta. (Mc 4, 35-41).

Com alegria vou contar o que "eu vi e o que tenho testemunhado" há mais de 26 anos desde a fundação da Pastoral da Criança, em setembro de 1983.

Aquilo que era uma semente, que começou na cidade de Florestópolis, no Estado do Paraná, no Brasil, se converteu no Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente em 42 mil comunidades pobres e nas 7 mil paróquias de todas as Dioceses da Brasil.

Por força da solidariedade fraterna, uma rede de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres, 92% são mulheres, e participam permanentemente da construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno, a serviço da Vida e da Esperança. Cada voluntário dedica em média 24 horas ao mês a esta Missão transformadora de educar as mães e famílias pobres, compartilhar o pão da fraternidade e gerar conhecimentos para a transformação social.

O objetivo da Pastoral da Criança é reduzir as causas da desnutrição e a mortalidade infantil, promover o desenvolvimento integral das crianças, desde sua concepção até o seis anos de idade. A primeira infância é uma etapa decisiva para a saúde, a educação, a consolidação dos valores culturais, o cultivo da fé e da cidadania com profundas repercussões por toda a vida.

25 de Março: Ordenação Diaconal - Solenidade da Anunciação do Senhor


"O Zelo por tua casa me consome"
É com muita alegria e cheio de gratidão a Deus que anuncio minha Ordenação Diaconal, que será realizada no dia 25 de Março de 2010 às 19:30h no Santuário Mariano Diocesano de Nossa Senhora da Piedade em Lagarto/SE.
Desde já conto com as orações de todos para que meu ministério seja frutuoso e conduzido segundo o Espírito de Deus que vem até nós e nos capacita.
Deus é Fiel!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Para refletir...


Colocaste tua mão sobre mim, Senhor
Jamais poderei voltar ao lugar onde estava ou ao que eu era antes.
Posso lutar contra Ti ou me aconchegar bem perto de Ti.
Mais a vida nunca mais ficará sem a dimensão de tua presença.

Colocaste a mão sobre mim, Senhor,
Algumas vezes pesadamente, outras vezes com afeição.
Mas a segurança de senti-la é algo que jamais quero perder.

Tu não me poupas problemas e sofrimento,
Só prometeste fazer com que minhas possibilidades se adéqüem a tua intensidade
Esticas a minha fé e não me deixas outra alternativa senão confiar em Ti.
(Santo Agostinho)

sábado, 2 de janeiro de 2010

Solenidade da Epifania do Senhor


A Epifania, a "manifestação" de nosso Senhor Jesus Cristo, é um mistério multiforme. A tradição latina identifica-o com a visita dos Magos ao Menino Jesus em Belém, e portanto interpreta-o sobretudo como revelação do Messias de Israel aos povos pagãos. A tradição oriental, ao contrário, privilegia o momento do baptismo de Jesus no rio Jordão, quando Ele se manifestou como Filho Unigénito do Pai celeste, consagrado pelo Espírito Santo. Mas o Evangelho de João convida a considerar "epifania" também as núpcias de Caná, nas quais Jesus, transformando a água em vinho, "manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele" (Jo 2, 11). E que deveríamos dizer nós, queridos irmãos, sobretudo nós sacerdotes da nova Aliança, que todos os dias somos testemunhas e ministros da "epifania" de Jesus Cristo na santa Eucaristia? A Igreja celebra todos os mistérios do Senhor neste santíssimo e humilde Sacramento, no qual Ele ao mesmo tempo revela e esconde a sua glória. "Adoro te devote, latens Deitas" adorando, rezamos assim com São Tomás de Aquino.

É o amor divino, encarnado em Cristo, a lei fundamental e universal da criação. Isto deve ser visto ao contrário em sentido não poético, mas real. Assim o via o próprio Dante, quando, no verso sublime que conclui o Paraíso e toda a Divina Comédia, define Deus "o amor que move o sol e as altas estrelas" (Paraíso, XXXIII, 145). Isto significa que as estrelas, os planetas, todo o universo não são governados por uma força cega, não obedecem às dinâmicas unicamente da matéria. Não devem ser portanto divinizados os elementos cósmicos, mas, ao contrário, em tudo e acima de tudo existe uma vontade pessoal, o Espírito de Deus, que em Cristo se revelou como Amor (cf. Enc. Spe salvi, 5). Se assim é, então os homens como escreve São Paulo aos Colossenses não são escravos dos "elementos da criação" (cf. Col 2, 8), mas são livres, isto é, capazes de se relacionarem com a liberdade criadora de Deus. Ele está na origem de tudo e tudo governa não como um motor frio e anónimo, mas como Pai, Esposo, Amigo, Irmão, como Logos, "Palavra-Razão" que se uniu à nossa carne mortal de uma vez para sempre e compartilhou plenamente a nossa condição, manifestando o poder superabundante da sua graça. Existe portanto no cristianismo uma peculiar concepção cosmológica, que encontrou na filosofia e na teologia medievais altíssimas expressões. Ela, também na nossa época, dá sinais interessantes de um novo florescimento, graças à paixão e à fé de não poucos cientistas, os quais nas pegadas de Galileu não renunciam nem à razão nem à fé, aliás, valorizam-nas a ambas profundamente, na sua recíproca fecundidade.

O pensamento cristão compara a criação com um "livro" assim dizia o próprio Galileu considerando-a como a obra de um Autor que se expressa mediante a "sinfonia" da criação. No interior desta sinfonia encontra-se, a um certo ponto, aquilo a que na linguagem musical se classifica "solo", um tema confiado a um só instrumento ou a uma só voz; e é tão importante que dele depende o significado de toda a obra. Este "solo" é Jesus, ao qual corresponde, precisamente, um sinal real: o surgir de uma nova estrela no firmamento. Jesus é comparado pelos antigos escritores cristãos a um novo sol. Segundo os actuais conhecimentos astrofísicos, nós deveríamos compará-lo com uma estrela ainda mais central, não só para o sistema solar, mas para todo o universo conhecido. Neste misterioso desígnio, ao mesmo tempo físico e metafísico, que levou ao surgimento do ser humano como coroamento dos elementos da criação, veio ao mundo Jesus: "nascido de mulher" (Gl 4, 4), como escreve São Paulo. O Filho do homem resume em si a terra e o céu, a criação e o Criador, a carne e o Espírito. É o centro da criação e da história, porque n'Ele se unem sem se confundirem o Autor e a sua obra.

No Jesus terreno encontra-se o ápice da criação e da história, mas em Cristo ressuscitado vai-se além: a passagem, através da morte, para a vida eterna antecipa o ponto da "recapitulação" de tudo em Cristo (cf. Ef 1, 10). De facto, todas as coisas escreve o Apóstolo "tudo foi criado por Ele e para Ele" (Cl 1, 16). E precisamente com a ressurreição dos mortos Ele obteve "a primazia sobre todas as coisas" (Cl 1, 18). Afirma-o o próprio Jesus aparecendo aos discípulos depois da ressurreição: "Foi-Me dado todo o poder no céu e na terra" (Mt 28, 18). Esta consciência apoia o caminho da Igreja, Corpo de Cristo, ao longo das veredas da história. Não há sombras, por muito tenebrosas que possam ser, que obscureçam a luz de Cristo. Por isso nunca falta aos crentes em Cristo a esperança, também hoje, perante a grande crise social e económica que atormenta a humanidade, perante o ódio e a violência destruidoras que não cessam de ensanguentar muitas regiões da terra, perante o egoísmo e a pretensão do homem de se considerar o deus de si mesmo, que conduz por vezes a perigosas alterações do desígnio de Deus sobre a vida e a dignidade do ser humano, sobre a família e a harmonia da criação. O nosso esforço de libertar a vida humana e o mundo dos envenenamentos e das poluições que poderiam destruir o presente e o futuro, conserva o seu valor e sentido escrevi na já citada Encíclica Spe salvi mesmo se aparentemente não tenham sucesso ou pareçam não ter poder face ao predomínio de forças hostis, porque "é a grande esperança apoiada nas promessas de Deus que, tanto nos momentos bons como nos maus, nos dá coragem e orienta o nosso agir" (n. 35).

O senhorio universal de Cristo exerce-se de modo especial sobre a Igreja. "Sob os seus pés lê-se na Carta aos Efésios [Deus] sujeitou todas as coisas e constituiu-O cabeça de toda a Igreja, que é o Seu corpo e o complemento d'Aquele que preenche tudo em todos" (Ef 1, 22-23). A Epifania é a manifestação do Senhor, e de reflexo é a manifestação da Igreja, porque o Corpo não é separável da Cabeça. A primeira leitura de hoje, tirada do chamado Terceiro Isaías, oferece-nos a perspectiva clara para compreender a realidade da Igreja, como mistério de luz reflectida: "Levanta-te e resplandece, chegou a tua luz; / a glória do Senhor levanta-se sobre ti!" (Is 60, 1). A Igreja é humanidade iluminada, "baptizada" na glória de Deus, isto é, no seu amor, na sua beleza, no seu senhorio. A Igreja sabe que a própria humanidade, com os seus limites e as suas misérias, ressalta mais a obra do Espírito Santo. Ela não se pode orgulhar de nada a não ser no seu Senhor: não é dela que provém a luz, não é sua a glória. Mas é precisamente esta a sua alegria, da qual ninguém a poderá privar: ser "sinal e instrumento" d'Aquele que é "lumen gentium", luz dos povos (cf. Conc. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium,1).

Trecho da Homilia da Solenidade da Epifania do Senhor, do Papa Bento XVI em 2009.